Governo diz que “é inviável” cumprir com distanciamento social nos comboios
O ministro das Infraestruturas afirma que “é inviável” cumprir com o distanciamento social dentro dos comboios devido à pandemia da covid-19.
O ministro das Infraestruturas afirmou hoje que “é inviável” cumprir com o distanciamento social dentro dos comboios devido à pandemia da covid-19, manifestando-se preocupado com a perda de 12 milhões de euros por mês na CP-Comboios de Portugal.
Numa audição parlamentar na comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República, em Lisboa, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, disse que a CP registou, no início da pandemia em Portugal, perdas de 22 milhões de euros por mês, adiantando que, neste momento, com 100% da oferta disponível, desde 4 de maio, no âmbito do início do desconfinamento, “está a perder 12 milhões de euros por mês”.
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Pedro Nuno Santos propôs um debate sobre a medida
“Não é por a lotação estar restringida a 2/3, é por falta de procura”, avançou o governante, considerando que é um problema sério que, além do risco de infeção da covid-19, afeta a saúde financeira da CP.
Referindo que Portugal é um dos poucos países europeus que têm a lotação restringida nos transportes públicos, Pedro Nuno Santos propôs um debate sobre a medida.
Acusado pelo deputado do CDS-PP João Gonçalves Pereira de estar em “estado de negação com o país” quando nega sobrelotação dos comboios na Área Metropolitana de Lisboa (AML), o ministro das Infraestruturas respondeu com “dados objetivos” sobre a lotação média nas horas de ponta, indicando que há registo de 35% da capacidade máxima entre Sintra — Alverca, 26% entre Sintra — Rossio, 22% entre Azambuja — Lisboa Santa Apolónia, 26% entre Azambuja — Alcântara e 13% entre Cascais — Cais do Sodré.
“O problema na Linha de Sintra, infelizmente, tem muitos anos”
“Não quer dizer que, depois, não tenhamos alguns comboios que estejam, neste momento, a rondar os 2/3, e temos alguns comboios nessa situação, e isso, obviamente, é motivo de preocupação, tendo em conta que falamos na limitação da lotação”, ressalvou o governante que tutela a empresa CP, advertindo que, à medida que as pessoas regressem ao trabalho, haverá mais pressão sobre os transportes públicos.
Antes da pandemia da covid-19, os comboios na Linha de Sintra chegavam a circular “com 160% da capacidade”, lembrou Pedro Nuno Santos, explicando que “o problema na Linha de Sintra, infelizmente, tem muitos anos”, e considerando que a responsabilidade deve ser partilhada entre o Governo do PS e o anterior Governo de PSD e CDS-PP.
“Todas as operadores de transportes estão a perder dinheiro”
“Todos os comboios disponíveis, toda a oferta que tínhamos para a AML está a circular e está em circulação a perder dinheiro, aliás todas as operadores de transportes estão a perder dinheiro”, declarou o ministro, adiantando que há limitações na infraestrutura e no material circulante da CP que impedem o aumento da oferta na Linha de Sintra, onde se tem registado maior procura.
Assegurando que a maioria esmagadora dos comboios cumprem com a lotação máxima de 2/3, embora reconheça que “isso não quer dizer que as pessoas não sintam que estejam num ambiente de aglomeração”, o governante expôs que a análise sobre situações de sobrelotação “é mais complexa do que olhar para uma fotografia”.
“Não conseguimos num comboio ter um distanciamento social de dois metros, não é possível. Tínhamos o comboio a transportar muito pouca gente, isso é inviável do ponto de vista da CP e é inviável do ponto de vista das necessidades das populações, não é possível fazermos isso, por isso é que isto é uma questão tão delicada”, sustentou Pedro Nuno Santos, manifestando abertura para receber todas sugestões para resolver este que “é um problema, realmente, difícil”.
Há registo de três casos de infeção de covid-19 em trabalhadores da CP
Entre os 2000 trabalhadores da CP que operam dentro dos comboios, há registo de três casos de infeção de covid-19, revelou o governante, indicando que não há nenhum caso de infeção entre os 700 trabalhadores de empresas externas de limpeza.
“Não estou a dizer que não haja risco de transmissão no comboio, estou a tentar relativizar a questão, com informação objetiva”, frisou o ministro das Infraestruturas, destacando o reforço da limpeza e higienização dos comboios, que são asseguradas diariamente e, quando possível, mais do que uma vez por dia.
Sobre o possível reforço de comboios na AML, Pedro Nuno Santos disse que a CP e a Infraestruturas de Portugal estão a estudar a alteração de horários, para que se consiga “aumentar marginalmente a capacidade na Linha de Sintra”, trabalho que deve estar concluído em setembro, porque mexe com os horários de toda a rede ferroviária nacional.
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