Ilustrador Roberto Chichorro volta aos livros infantis nos 20 anos da obra de Lurdes Breda
O ilustrador Roberto Chichorro, considerado um dos maiores artistas plásticos moçambicanos, regressa aos livros infantis numa nova obra da portuguesa Lurdes Breda, a escritora que está a comemorar 20 anos de edições para crianças e jovens.
Intitulado “Bashshar, o guardador de pássaros”, o livro, que será apresentado no dia 21, em Leiria, conta a história de uma personagem celebrada pelo seu povo como o mensageiro das boas novas e que quer fazer retornar à sua aldeia o colorido dos pássaros e das flores, que em tempos a abandonou.
Em declarações à agência Lusa, Lurdes Breda, natural de Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra, destacou a colaboração com Roberto Chichorro, o artista moçambicano de 82 anos, que tem nas cores vibrantes das suas obras uma imagem de marca.
Lurdes Breda, através da Escola Portuguesa de Moçambique, editou um primeiro livro (A Árvore Mágica) com ilustração de Roberto Chichorro em 2019, o primeiro de dois textos que produziu “numa curta passagem que soube a pouco” por aquele país africano, sete anos antes, em 2012.
“O Roberto não queria trabalhar mais para ilustração de livros, mas gostou muito do texto e abriu uma exceção. A curiosidade é que, agora, ele diz que vai dedicar-se à ilustração de livros infantis. Diz que volta a ser criança outra vez e está a gostar imenso de fazer os bonecos”, enfatizou a escritora.
Segundo Lurdes Breda, esta novo livro partiu, precisamente, de um desafio de Roberto Chichorro.
“Ficou muito bonito, é diferente. Não menosprezando outras nacionalidades, quem nasceu em Moçambique consegue ter outros sentimentos em relação ao texto. E o Roberto é um ser humano espetacular, uma pessoa por quem eu nutro uma grande admiração profissional e pessoal”, sublinhou.
Nem o facto de serem de gerações diferentes — o ilustrador está à prestes cumprir 83 anos, enquanto Lurdes Breda é cerca de 30 anos mais nova — causou obstáculos à concretização do novo livro.
“Ele tem uma alma de criança, os artistas têm uma sensibilidade diferente e ele, tendo noção do que o rodeia, vive no mundo mágico da ilustração dele, dos motivos dele, e é ser um humano extraordinário. Muito tímido, muito reservado, mas quando se conhece e se tem algum contacto, é um senhor encantador, de uma sensibilidade incrível, ninguém lhe dá a idade que tem”, afirmou Lurdes Breda.
Sobre “Bashshar, o guardador de pássaros”, livro que tem a coordenação editorial de Teresa Noronha e volta a ser editado pela Escola Portuguesa de Moçambique, a escritora define-o como “uma história de esperança que promove a educação intercultural”.
A comemorar 20 anos de edições — “20 anos de caminhos diversos, de pessoas diversas e de projetos diversos, tão improváveis quanto maravilhosos”, vincou — Lurdes Breda é autora de 24 obras e coautora de outras 11, editadas em Portugal, no Brasil e em Moçambique.
“Não haveria melhor forma de celebrar estas duas décadas de livros, histórias e pessoas do que com o lançamento de um livro que reúne duas nacionalidades, dois continentes e duas culturas diferentes, mas que tão bem se completam”, argumentou.
“Bashshar, o guardador de pássaros” está enquadrado na temática das Jornadas Europeias do Património 2024, pretendendo destacar a importância da literatura na Europa como ponte para outros continentes e outras culturas.
O lançamento do novo livro de Lurdes Breda e de Roberto Chichorro está agendado para dia 21, pelas 15:30, no Moinho de Papel (museu ligado ao processo tradicional de fabricação do papel), localizado na cidade de Leiria.
JLS // SSS
By Impala News / Lusa
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