Vacina covid-19: todas as respostas às suas perguntas

Os resultados do ensaio clínico sobre o tratamento em doses da vacina covid-19 de Oxford, uma das que Portugal encomendou, chegam após as da Pfizer e da Moderna, mas é muito mais barata.

Vacina covid-19: todas as respostas às suas perguntas

A vacina da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca para a covid-19 provou ser 90% eficaz, abrindo caminho para a implementação rápida da vacina. Os resultados dos ensaios clínicos sobre o tratamento em duas doses desta vacina covid-19 surgem depois dos anúncios da Pfizer e da Moderna, cujos resultados variam entre 90% e 95% de eficácia.

Mas a vacina Oxford tem vantagens sobre as concorrentes. É muito mais barata, pode ser armazenada em frigoríficos normais entre os 3 e os 8 graus negativos, e não em 80° abaixo de zero das da Pfizer e da Moderna. A vacina de Oxford custará entre 3 a 4 euros, em contraposição com as concorrentes, cerca de dez vezes mais caras.

A vacina britânica também vai além do que inicialmente se pensava, por ser mais eficaz. A primeira das duas impede de imediato os pacientes de transmitir o novo coronavírus. AstraZeneca garante ter disponíveis as primeiras oito milhões de doses antes de 1 de dezembro e que disponibilizará, se necessário, mais de 30 milhões de doses antes do fim do ano. As notícias são aparentemente animadoras e está o horizonte da maior campanha de vacinação da História está cada vez mais próximo, mas ainda assim há muito mais para saber. Conheça a seguir as respostas-chave sobre a nova vacina covid-19.

Quais foram os resultados do ensaio à vacina covid-19?

Participaram no ensaio clínico à vacina AstraZeneca 24 mil voluntários e apenas 131 testaram positivo para a covid-19 – embora a larga maioria destes tivesse recebido um placebo (uma falsa vacina). Os 131 testes positivos podem parecer um número pequeno, mas é maior do que os testes clínicos da Pfizer e da Moderna. Ainda assim, é estatisticamente suficiente para provar que a vacina funciona.

Um subgrupo de 3 mil participantes recebeu apenas a segunda dose e revelou resultados eficazes em 62%. O subgrupo a quem foi administrada a dose completa registou os melhores resultados, demonstrando ser 90% eficaz. O resultado é portanto comparável à eficácia de 94,5% anunciada pela Moderna e de 90% da Pfizer, disponíveis na primavera de 2021.

Danny Altmann, professor do Imperial College London, admite estarmos diante de uma “missão realmente inoportuna separar e escolher entre vacinas com base nas diferenças de eficácia tão residuais”. “Dentro de um ano estaremos a usar as três vacinas com cerca de 90% de proteção e que voltaremos a ser de novo a fazer a nossa vida normal”, suspeita o investigador.

Posso escolher que vacina tomar?

As agências reguladoras do medicamento – como o nosso Infarmed – deverão definir em breve quais vacinas mais aconselhadas para os diferentes grupos etários ou de risco. Os reguladores examinarão a eficácia de diferentes vacinas candidatas em diferentes grupos populacionais.

Quem vai me dar a vacina?

Não há médicos e enfermeiros suficientes para vacinar a população com rapidez suficiente, mas os governos deverão relaxar as regras para permitir que outros médicos administrem as vacinas, incluindo médicos e enfermeiros já reformados, e farmacêuticos, por exemplo.

Quais são efeitos colaterais?

Nenhum efeito colateral sério foi relatado no ensaio clínico da vacina covid-19 criada pela Universidade de Oxford, mas caberá aos reguladores europeu e de cada país analisar detalhadamente os dados dos testes antes de aprovar a vacina. Apesar de ligeiros, houve, de facto, efeitos secundários relatados pelos voluntários dos testes à vacina, mas são todos comuns à maioria das vacinas já existentes, como, por exemplo, as da gripe: dor no braço, dor de cabeça ou febre.

Curiosamente, estes sintomas ligeiros foram “muito menos comuns” quanto mais velhos foram os participantes. Sarah Gilbert, da Universidade de Oxford, considera este facto “comum sempre que há administração de vacinas de qualquer tipo”.

A vacina poderá salvar o Natal?

É muito improvável. Embora o regime de dosagem ainda não tenha sido acordado, as vacinas disponíveis na segunda quinzena de dezembro serão entregues em duas doses. As vacinações devem ser administradas com até 28 dias de intervalo. A maioria das pessoas não desenvolverá imunidade total até 14 dias após a segunda dose e, portanto, deveremos ter de passar um Natal diferente, já que o grosso da vacinação será realizada no início de 2021.

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