Quebra de venda de balões de São João no Porto associada a Tragédia de Pedrógão Grande

A tragédia de Pedrógão Grande agitou as consciências dos portuenses, que temem provocar mais fogos com o tradicional lançamento dos balões de São João.

“Muitas das encomendas de balões de São João que tinha foram canceladas hoje. As pessoas estão a seguir o conselho das câmaras municipais e não querem lançar balões depois da tragédia em Pedrógão Grande.”O testemunho a Impala News é de Maria das Dores, proprietária de uma drogaria no centro de Vila Nova de Gaia.

José, das Fontainhas, também dá conta da queda nas vendas. “Todos os anos, faço uns trocos com os balões. A poucos dias do São João, não vendi um único.”E acrescenta não ter memória recente de um caso tão grave. “Nunca tal vi acontecer e já vendo balões há mais de 30 anos”, garante.

“Muitas das encomendas de balões de São João que tinha foram canceladas”, afirma uma vendedora, que explica que “as pessoas estão a seguir o conselho das câmaras municipais e não querem lançar balões depois da tragédia em Pedrógão Grande”

José encontrou uma alternativa para assinalar a data “sem ser culpado de qualquer incêndio”. “Comprei balões normais e estou a tentar convencer os clientes a comprar destes. lançavam estes no dia 24, em vez dos tradicionais de São João, que podem provocar incêndios”, propõe. “É também uma forma de homenagear as vítimas de Pedrógrão Grande”, justifica.

José acabou por influenciar “outros colegas vendedores” a propor esta alternativa e, ainda assim, conseguir fazer negócio. “Já falei com muitos e todos adoraram a ideia. Era bom que a cidade se juntasse e todos lançassem balões normais no dia 24”, conclui.

Balões normais para “homenagear as vítimas de Pedrógrão Grande”, propõe um grupo de vendedores de balões de São João

 

Na semana passada, as câmaras de Gondomar e de Gaia defenderam a proibição da venda dos tradicionais balões de ar quente lançados no São João.

A Câmara de Gaia salienta que “tem-se vivido um drama, que se repete ano após ano, com incêndios em habitações, viaturas e até já teve de se evacuar um lar de idosos devido a um incêndio nas proximidades”, pode ler-se na ata da reunião da câmara que a Lusa divulgou.

Balões de ar quente têm sido responsáveis, no Porto, “incêndios em habitações, viaturas e até já teve de se evacuar um lar de idosos devido a um incêndio nas proximidades”, enuncia a Câmara Municipal de Gaia

Os perigos para a segurança motivaram também a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) a suspender, durante mais de três horas, os voos no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, na noite de 23 para 24 de Junho.

As partidas e chegadas de aviões entre as 21h45 do dia 23 e a 1h00 do dia 24 de junho estarão, assim, suspensas.

A ANAC e a ANA – Aeroportos de Portugal voltarão a reunir-se, em Julho, para encontrar “outras medidas destinadas a garantir, no futuro, a operação segura das aeronaves sem recurso ao encerramento do espaço aéreo”.

Cynthia Valente | WIN Porto

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