Jovens donos de habitação própria são menos do que em gerações anteriores

As gerações mais recentes têm menos proporção de proprietários jovens, entre 25 e 34 anos, do que as anteriores, sendo de 42% a taxa de proprietários jovens nas geração nascida após 1986, segundo um estudo do Banco de Portugal.

Jovens donos de habitação própria são menos do que em gerações anteriores

Na publicação ‘Economia numa imagem’, o Banco de Portugal divulgou hoje algumas conclusões do estudo “Habitação em Portugal nos últimos 40 anos” (da autoria de Sónia Costa, Luísa Farinha, Nuno Lourenço e Renata Mesquita), incluída no Boletim Económico de outubro.

De acordo com o estudo, “nas gerações mais recentes, a percentagem de proprietários jovens reduziu-se significativamente”.

O estudo indica que a percentagem de proprietários entre os 25 a 34 anos na geração que nasceu entre 1977 e 1986 situava-se em 61% e na geração de 1987 a 1996 baixou para 42%.

Refere ainda o estudo que “a percentagem de proprietários com menos de 25 anos reduziu-se para menos de 35% nas gerações nascidas após 1986, o que compara com valores entre 45% e 55% nas gerações nascidas nas três décadas anteriores”.

Já geração nascida entre 1967 e 1976 “é aquela em que as famílias se tornaram proprietárias mais cedo, com cerca de 70% das famílias proprietárias entre os 25 e os 34 anos, ou seja, por volta do ano de 2001”.

Os 42% de proprietários jovens da geração mais recente (1987-1996) é uma proporção idêntica à de proprietários jovens para os nascidos entre 1947 e 1956 (42%). Já os nascidos entre 1957 e 1966 tinham uma percentagem de proprietários jovens (entre os 25 e 34 anos) de 55%.

Contudo, é de notar que estas gerações adquiriram casa antes de se tornar mais fácil às famílias terem habitação com recurso a crédito.

Segundo o Banco de Portugal, a liberalização do sistema financeiro na década de 1980, a descida acentuada das taxas de juro e incentivos como créditos bonificados facilitaram o acesso ao crédito a habitação.

Os dados dos Censos indicam que, em 1981, 14% das famílias proprietárias da habitação tinham um empréstimo para a compra da casa. Essa proporção mais do que duplicou até 2001 e atingiu o máximo de 43% em 2011, considerando o Banco de Portugal que “a melhoria no acesso ao crédito beneficiou sobretudo as gerações nascidas após 1966 (e que atingiram os 25 anos depois de 1990)”.

A geração nascida entre 1977 e 1986 registou mesmo a “maior percentagem de proprietários com um empréstimo na classe etária entre os 25 e 34 anos”.

Quanto a famílias com casa própria, independentemente da idade, em 1981, 57% das famílias residentes em Portugal eram proprietárias da sua residência principal. Em 1991 a taxa era de 65% e em 2001 era de 76%. Ao mesmo tempo, reduziu-se a proporção de arrendatários, passando de 39% em 1981 para 21% em 2001.

O BdP liga o aumento da taxa de proprietários, novamente, à modernização dos mercados financeiros e baixa dos juros e também à falta de um mercado de arrendamento ativo.

Já a partir de 2001, a percentagem de proprietários reduziu-se ligeiramente (73% em 2011 e 70% em 2021), o que também relaciona com medidas públicas que considera o BdP que dinamizaram o arrendamento, sobretudo a partir de 2011.

O estudo diz ainda que a redução dos proprietários se concentrou nas famílias mais jovens, sobretudo com menos de 35 anos, o que relaciona com o menor rendimento.

“As famílias mais jovens foram particularmente afetadas pelo aumento da taxa de desemprego no período 2000-2014, em resultado do fraco crescimento económico do início da década de 2000 e da crise de dívida soberana. Nas famílias em que o representante tem menos de 35 anos, a percentagem de proprietários em 2021 reduziu-se para o nível de 1981. Neste período subiu muito a percentagem de arrendatários nas classes mais jovens, enquanto nas idades mais avançadas se continuou a reduzir”, refere o estudo do Banco de Portugal.

Impala Instagram


RELACIONADOS