Saída de investimento estrangeiro da China atinge nível recorde no segundo trimestre

O investimento direto de empresas estrangeiras na China caiu cerca de 14,8 mil milhões de dólares (13,5 MME), entre abril e junho, na maior saída de investimento estrangeiro desde que há registo, segundo a agência Bloomberg.

Saída de investimento estrangeiro da China atinge nível recorde no segundo trimestre

Os dados, divulgados pela Administração Estatal de Câmbio (SAFE), mostram também que os passivos de investimento direto da balança de pagamentos – um indicador que acompanha o novo investimento estrangeiro no país, registando os fluxos de dinheiro ligados a entidades estrangeiras na China – caíram 4,6 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros), no primeiro semestre do ano.

Trata-se de um aprofundamento da tendência descendente registada no ano passado, quando os dados da SAFE revelaram o crescimento mais lento do investimento estrangeiro na China em três décadas, após uma queda de 82%, em termos homólogos.

O valor de 2023 foi de 33 mil milhões de dólares (30 mil milhões de euros), uma queda significativa em relação a 2021, quando a China bateu o seu recorde de receção de investimento estrangeiro com cerca de 344 mil milhões de dólares (314 mil milhões de euros).

De acordo com projeções da agência Bloomberg, se a tendência registada no primeiro semestre deste ano se mantiver ao longo do segundo semestre, 2024 será o primeiro ano a registar um fluxo líquido negativo de investimento estrangeiro desde que a série histórica começou em 1990.

Apesar dos esforços de Pequim para atrair e reter investimento estrangeiro, fatores como o aumento das tensões geopolíticas ou taxas de juro mais elevadas em outros países – tornando-os mais atrativos para a detenção de fundos do que na China – explicariam esta tendência.

Além disso, setores específicos como o automóvel também reduziram o seu investimento, neste caso devido à rápida transição da China para os veículos elétricos, o que fez com que alguns fabricantes estrangeiros reduzissem ou retirassem investimentos, notou a Bloomberg.

Os dados da SAFE podem também refletir a evolução dos lucros das empresas estrangeiras ou a dimensão das suas atividades na China.

Os dados anteriormente divulgados pelo Ministério do Comércio, que não incluem os lucros reinvestidos e são menos voláteis do que os números da SAFE, apontavam para que o novo investimento direto estrangeiro na China no primeiro semestre tivesse atingido o seu nível mais baixo desde 2020, quando eclodiu a pandemia de covid-19.

A baixa procura interna e internacional, os riscos de deflação e os estímulos insuficientes, juntamente com uma crise imobiliária que ainda não terminou e a falta de confiança no setor privado são algumas das principais causas que os analistas citam para explicar a situação na segunda maior economia do mundo.

Perante esta situação e a queda do investimento estrangeiro, as autoridades chinesas renovaram várias vezes a sua promessa de maior abertura e condições iguais face à concorrência interna. 

 

JPI // JMR

By Impala News / Lusa

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