Xi Jinping felicita Trump e apela a reconciliação entre os dois países

O líder chinês disse que após a eleição de Donald Trump como 47.º dos EUA, Pequim e Washington beneficiam com cooperação e perdem com o confronto.

Xi Jinping felicita Trump e apela a reconciliação entre os dois países

O Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou hoje Donald Trump pela vitória nas eleições presidenciais norte-americanas, apelando aos dois países para que “se entendam”, após anos de tensões bilaterais, informou a imprensa oficial.

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“A história demonstra que a China e os Estados Unidos beneficiam com a cooperação e perdem com a confrontação”, disse Xi Jinping ao presidente eleito dos Estados Unidos, de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV.

“Uma relação sino-americana estável, saudável e duradoura está em conformidade com os interesses comuns dos dois países e com as expectativas da comunidade internacional”, sublinhou Xi. Estes foram os primeiros comentários do Presidente chinês desde a vitória do candidato republicano.

Donald Trump e a rival democrata Kamala Harris prometeram durante a campanha conter a ascensão da China. O magnata republicano prometeu impor taxas de 60% sobre todos os produtos chineses que entram nos Estados Unidos.

Xi Jinping disse a Trump esperar que os dois países “defendam os princípios do respeito mútuo, da coexistência pacífica e da cooperação vantajosa para todos”, segundo a CCTV.

Washington e Pequim devem “reforçar o diálogo e a comunicação, gerir adequadamente as suas diferenças, desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica e encontrar forma correta de a China e os Estados Unidos se entenderem nesta nova Era, para benefício de ambos os países e do mundo”, acrescentou.

Xi Jinping e Donald Trump já se encontraram quatro vezes e o presidente eleito dos EUA gabou-se recentemente da sua “relação muito forte” com o líder chinês.

Mas a vitória de Donald Trump abre um período de incerteza para as relações económicas sino-americanas, que foram fortemente abaladas durante o primeiro mandato do presidente eleito (2017-2021), quando este desencadeou uma guerra comercial e tecnológica contra Pequim.

A China já está a braços com uma recuperação pós-Covid difícil, sobrecarregada por fracos níveis de consumo interno e uma grave crise imobiliária, com muitos promotores endividados e preços a cair a pique nos últimos anos.

Os principais líderes da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, estão reunidos esta semana em Pequim, para elaborar um plano de relançamento económico.

Muitos analistas acreditam que a vitória de Donald Trump poderá levar os dirigentes chineses a reforçar este programa de medidas, nomeadamente para compensar as futuras taxas aduaneiras prometidas pelo republicano.

O que esperava a China dos EUA antes da eleição de Trump?

Xi Jinping esperava que o resultado das eleições presidenciais norte-americanas pudesse “trazer-lhe um líder com atitude diferente em relação a Taiwan, bem como ajudar a China a resolver a sua tempestade económica, que resultou num número crescente de protestos”, apontava o especialista internacional em Economia Empresarial Chee Meng Tan, professor da Universidade de Nottingham, antes do ato eleitoral norte-americano.

Neste contexto, Entre um Donald Trump confiável e uma Kamala Harris aparentemente equilibrada, quem preferia Pequim? E algum dos candidatos oferecia algo novo à China?

“Além de Mao Zedong, fundador da República Popular da China, Xi é o único chefe de Estado chinês em exercício sem limites de mandato e cuja ideologia política está consagrada na constituição chinesa.

“Jinping poderia eventualmente assinar o seu lugar na história ao resolver a crise económica da China. No entanto, o crescente isolamento de Pequim em relação ao ocidente – motivado pelo apoio à conquista da Ucrânia pela Rússia – torna o ensejo duplamente difícil” considera Chee Meng Tan.

“Goste ou não, Jinping pode ter de aumentar qualquer agenda que Pequim tenha para Taiwan. Se puder progredir suficiente em direção à unificação, pode ser aclamado como um dos grandes do Partido Comunista Chinês, o que consolidaria o seu status dentro do partido e distrairia a nação dos problemas económicos.”

Ao contrário de Harris, “que parece levar alianças e parcerias a sério“, Trump “questiona os benefícios de muitas alianças forjadas pelos EUA”. “Na verdade, nas poucas vezes em que falou sobre Taiwan, centrou-se em como o estado insular tomou conta dos negócios de semicondutores dos EUA e que deveria pagar mais aos EUA pela sua defesa.”

Assim, irá Trump em auxílio de Taiwan se a China alguma vez invadir o território insular? “Dada a importância dos semicondutores para a eletrónica e a Inteligência Artificial, em princípio sim. Mas Trump também tem reputação de ‘negociador-mestre’, podendo vir a fechar um acordo com Pequim, o que acabaria por corroer a independência de Taiwan – fator altamente preocupante para Taipé”, considera Meng Tan.

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