Livro sobre Fátima contém informações dos arquivos secretos do Vaticano

D. Carlos Azevedo não fala em aparições, mas sim em “visões” e entende que Fátima é um fenómeno de permanente reinterpretação. Bispo lançou livro Fátima – das Visões dos Pastorinhos à Visão Cristã.

Livro sobre Fátima contém informações dos arquivos secretos do Vaticano

O bispo português e coordenador do Departamento dos Bens Culturais do Vaticano, Carlos Azevedo, publicou esta semana o livro Fátima – das Visões dos Pastorinhos à Visão Cristã, que contém informações dos arquivos secretos do Vaticano. No decorrer da investigação para a obra, Carlos Azevedo percebeu que, três anos depois das aparições de Fátima aos Pastorinhos, o fenómeno não tinha sido sequer referido na escolha do novo bispo de Leiria, que só mais tarde se convenceu da sua veracidade. “

A igreja existou e só no final da década de 20 deu crédito ao fenómeno”, afirmou Carlos Azevedo à Impala, à margem da apresentação do livro, que decorreu no Porto.

“Fátima é fruto de um contexto de emigração, de guerra colonial”

O bispo não fala em aparições, mas sim em “visões” e entende que Fátima é um fenómeno de permanente reinterpretação. Carlos Azevedo apresenta ainda, com base nos documentos do arquivo secreto “novos dados sobre a política portuguesa entre 1917 e 1930, que sustentam a tese de que a igreja vivia uma grande convulsão social e que era urgente fazer da Cova da Iria um pólo de resistência católica. “Fátima é fruto de um contexto de emigração, de guerra colonial. Fátima respondeu ao contexto social e reinterpretou-se”, avança.

No livro, Carlos Azevedo apresenta a sua própria interpretação das aparições, que denomina de “visões”. “O que aconteceu foi uma perceção interior, uma visão mística e, portanto, descrita de uma forma materializada com vestes, com cores. Quando temos um sonho, sabemos que é um sonho, mas também vemos imagens”, explica.

Segundo a editora Esfera dos Livros, a obra agora publicada é proposta de leitura que “une o conhecimento das fontes com uma visão cristã” de um fenómeno religioso de origem popular, “sucessivamente apropriado e relido, reinterpretado ao compasso da história e sempre aberto no horizonte do futuro”.

Texto: Cynthia Valente Fotos: João Manuel Ribeiro | Impala

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