Ministro holandês acusa Portugal de “gastar dinheiro em mulheres e álcool”

Ministro holandês e presidente do Eurogrupo acusa os países da Europa do Sul de terem gastado dinheiro em “mulheres e álcool”.

Ministro holandês das Finanças e presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem está a ser alvo de críticas após uma entrevista a um jornal alemão citado pelo El País na qual acusou os países do sul – onde, naturalmente, Portugal se inclui – de gastarem o dinheiro “em copos e mulheres”, declarações consideradas “vergonhosas” pelos Socialistas Europeus.

“Durante a crise do euro, os países do norte mostraram solidariedade com os países afetados pela crise. Como social-democrata, atribuo uma importância extraordinária à solidariedade. Mas também deve haver obrigações: não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda”, declarou Jeroen Dijsselbloem ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

“Não se pode gastar dinheiro em mulheres e álcool e depois pedir ajuda”, disse o ministro holandês e presidente do Eurogrupo

O grupo dos Socialistas Europeus, ao qual Dijsselbloem curiosamente pertence, já reagiu a estas declarações, que considerou “vergonhosas e chocantes”, e sustenta que o presidente do Eurogrupo “foi longe demais, ao utilizar argumentos discriminatórios contra os países do sul da Europa”.

“Questiono se uma pessoa com estas crenças pode ser adequada para presidente do Eurogrupo”, comentou o líder da bancada dos Socialistas

“Não há desculpa ou razão para recorrer a tal linguagem, especialmente de alguém que é suposto ser um progressista. Questiono verdadeiramente se uma pessoa com estas crenças ainda pode ser considerada adequada para o cargo de presidente do Eurogrupo”, comentou hoje o líder da bancada dos Socialistas Europeus no Parlamento Europeu, Gianni Pittella.

A situação de Dijsselbloem na Holanda, e agora no Eurogrupo, é particularmente frágil, após os resultados eleitorais da passada semana na Holanda, que ditaram uma derrota histórica do seu partido

Esta nova polémica a envolver Dijsselbloem ocorre numa altura em que a sua posição como presidente do Eurogrupo está particularmente fragilizada, na sequência dos resultados eleitorais da passada semana na Holanda, que ditaram uma derrota histórica do seu partido, o PvdA, que era parceiro de coligação do VVD (centro-direita) do primeiro-ministro Mark Rutte, mas que agora passou de 38 para nove deputados.

António Costa quer uma “mudança rápida” na liderança do fórum de ministros das Finanças da zona euro e “um novo presidente” que seja “um fator de união entre todos os países”

Já este mês, por ocasião da reeleição do presidente do Conselho Europeu durante uma cimeira em Bruxelas, o primeiro-ministro António Costa mostrou-se favorável a uma “mudança rápida” na liderança do fórum de ministros das Finanças da zona euro, para que seja possível ter também no Eurogrupo “um novo presidente, capaz de dar um sinal positivo para a construção dos consensos que são essenciais para uma zona euro mais estável e que seja um fator de união entre todos os países da zona euro”.

Luís Martins / com Lusa

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