Aung San Suu Kyi falta à Assembleia-Geral da ONU para se centrar na crise dos ‘rohinyga’
A conselheira de Estado e líder de facto do Governo birmanês, Aung San Suu Kyi, vai faltar à Assembleia-Geral da ONU, onde vai ser debatida a crise da minoria muçulmana ‘rohinyga’, foi hoje noticiado.
A conselheira de Estado e líder de facto do Governo birmanês, Aung San Suu Kyi, vai faltar à Assembleia-Geral da ONU, onde vai ser debatida a crise da minoria muçulmana ‘rohinyga’, foi hoje noticiado.
“Face às atuais circunstâncias, a conselheira de Estado tem assuntos domésticos que precisam de atenção”, declarou Kyaw Zeya, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros birmanês, pasta que Suu Kyi também lidera, numa referência à crise desencadeada no oeste do país, onde se concentra a minoria ‘rohinyga’, indicou o jornal The Irrawaddy.
O vice-presidente, Henry Van Thio, acompanhado pelo conselheiro de Segurança Nacional, Thaung Tun, lideram a delegação birmanesa a Nova Iorque.
A 72.ª sessão regular das Nações Unidas, que começou esta terça-feira e termina no próximo dia 25, decorre sob o lema “Centrados nas pessoas: a luta pela paz e uma vida decente para todos num planeta sustentável”.
Pelo menos 370 mil ‘rohingya’ cruzaram a fronteira para o Bangladesh desde 25 de agosto, altura em que a violência escalou após uma ofensiva militar lançada na sequência do ataque, nesse dia, contra três dezenas de postos da polícia efetuado pela rebelião, o Exército de Salvação do Estado Rohingya, que defende os direitos daquela minoria muçulmana.
O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirmou na segunda-feira que a forma como a Birmânia está a tratar a minoria muçulmana ‘rohingya’ aparenta “um exemplo clássico de limpeza étnica”.
“A Birmânia tem recusado o acesso dos inspetores [da ONU] especializados em direitos humanos. A avaliação atualizada da situação não pode ser integralmente realizada, mas a situação parece ser um exemplo clássico de limpeza étnica”, disse Zeid Ra’ad Al Hussein na abertura da 36.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra.
Na terça-feira, as autoridades birmanesas rejeitaram a acusação do representante da ONU.
A líder de facto da Birmânia tem sido duramente criticada por defender a atuação do exército em relação aos ‘rohingya’ por múltiplas personalidades, entre as quais a paquistanesa Malala Yousafzai e o sul-africano Desmond Tutu, também laureados com o Nobel da Paz. Uma petição, assinada por mais de 350 mil pessoas de todo o mundo, pediu ao Comité Nobel Norueguês que retire o prémio à responsável birmanesa.
Suu Kyi defendeu-se das críticas na semana passada, afirmando haver uma campanha de desinformação sobre a questão e assegurando que vai proteger os direitos de todas as pessoas.
“A solidariedade internacional com os ‘rohingya’ é o resultado de um enorme icebergue de desinformação, que visa criar problemas entre as diferentes comunidades e promover os interesses dos terroristas”, disse.
O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se hoje para discutir a violência na Birmânia, uma reunião urgente reclamada pelo Reino Unido e Suécia em resposta às crescentes preocupações da comunidade internacional.
A Birmânia, onde mais de 90% da população é budista, não reconhece cidadania aos ‘rohingya’, uma minoria apátrida considerada pelas Nações Unidas como uma das mais perseguidas do planeta.
Mais de um milhão de rohingya vivem em Rakhine, onde sofrem crescente discriminação desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.
Apesar de muitos viverem no país há gerações, não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas, aos hospitais e o recrudescimento do nacionalismo budista nos últimos anos levou a uma crescente hostilidade contra eles, com confrontos por vezes mortíferos.
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