Comandante Pedro Pires quer sobressalto contra crise que a ONU não consegue resolver
O comandante e presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, defendeu hoje “um sobressalto ético e político da opinião pública mundial” contra a atual crise da autoridade mundial, em que “a própria ONU se mostra paralisada e ineficiente”.
“Do meu ponto de vista, há uma crise visível da autoridade mundial, nos mais diversos domínios do poder, em que a própria ONU se mostra paralisada e ineficiente, restando como solução que haja um sobressalto ético e político da opinião pública mundial”, disse o antigo companheiro de Cabral durante o XII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que decorre na capital cabo-verdiana.
Para Pedro Pires, a solução contra um mundo que está “muito mal” passa pela “afirmação da cidadania universal, da condenação da violência desumana e das guerras cruéis e injustificadas, da defesa da paz mundial, do diálogo, da coexistência pacífica, do respeito da cooperação benéfica para todos”.
Em relação a países ex-colonizados, como Cabo Verde, a resposta consistiria “numa mudança do paradigma da consolidação da libertação nacional, para o paradigma universalista da salvação da humanidade do planeta, que passaria a constituir um desafio, programa e obrigações compartilhadas”.
“Preocupa-me o tempo conturbado, caótico, violento e incerto que vivemos. Em suma: O mundo não está nada bem, o mundo está é muito mal”, disse.
E prosseguiu: “Não se pode pensar que o nosso futuro, seja individual ou coletivo, esteja devidamente salvaguardado quando a opção de guerra esteja prevalecendo sobre a opção da paz”.
Nem “quando a violência impiedosa de superioridade tecnológica ignora a fragilidade e os valores da natureza humana, quando a crueldade despreza a condição humana, quando o egoísmo doentio se sobrepõe à solidariedade humana, quando a barbárie desafia os valores humanistas da civilização, quando o ódio e a diabolização do outro substituem o respeito pela igualdade da condição humana e pelos direitos fundamentais do outro, quando o fanatismo e a intolerância religiosa expulsam a razão e a fraternidade das relações do convívio humano”, acrescentou.
“Face a isto, não restam dúvidas de que é preciso mudar de rumo e começar a refletir uma mudança do modelo da governança mundial, que seja mais inclusiva, equitativamente distribuída e compartilhada”, concluiu.
A intervenção de Pedro Pires aconteceu durante a sessão de homenagem ao centenário do nascimento de Amílcar Cabral. O XII Encontro de escritores de Língua Portuguesa, organizado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), juntamente com a Câmara Municipal da Praia, também homenageia o quinto centenário do nascimento do escritor português Luís Vaz de Camões.
O tema geral deste encontro é “Literatura, liberdade, inclusão”.
*** A Lusa viajou a convite da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) ***
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By Impala News / Lusa
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