Covid-19: ‘Take-away’ e internet ajudam a minimizar a crise em Loures

Na zona residencial do Infantado, no concelho de Loures, o ‘take-away’ e as vendas ‘online’ têm sido a ’tábua de salvação’ para muitos comerciantes, que veem desta forma minimizados os impactos negativos da pandemia da covid-19.

Covid-19: 'Take-away' e internet ajudam a minimizar a crise em Loures

Nesta ‘minicidade’ com muitos prédios de habitação, no distrito de Lisboa, vislumbram-se ao longo de grandes avenidas restaurantes, cafés, mercearias, lojas de roupa, imobiliárias, um centro comercial e até uma ‘sex-shop’.

Numa altura em que o comércio e a restauração vivem uma situação dramática, devido à covid-19, alguns comerciantes da urbanização do Infantado ouvidos pela agência Lusa referem que a fidelização de vários clientes e a implementação de serviços de ‘take-away’ têm sido fundamentais para minimizar as quebras de receita e aguentar os negócios.

É disso exemplo a pizzaria Divina Pizza, que continua a ter filas à porta, sobretudo às sextas-feiras, como conta a chefe de sala Beatriz Simões.

“Nós não nos podemos queixar muito. Temos tido muitos clientes fiéis a virem cá almoçar. Também temos tido muitos ‘take-away’, o que é muito bom e raro nestes tempos de pandemia”, afirma, sorridente.

Beatriz Simões refere que o impacto mais negativo está a ser ao fim de semana, devido às restrições impostas pelo estado de emergência.

“Nós tínhamos muitos almoços [ao fim de semana] e filas à porta. Mas não temos a casa vazia”, diz.

Uns metros mais à frente, a situação já é um pouco mais complicada para os proprietários da Hamburgueria Criativa, um restaurante de hambúrgueres que abriu há quatro anos e se destaca pelas combinações de ingredientes.

“Criámos um menu do dia para ser mais apelativo e vamos tentando reinventar e criar novas ideias de modo a tentar trazer mais clientes”, explica Isaura Santos.

A aposta no serviço de ‘take-away’ foi outra das mudanças introduzidas pelos proprietários deste restaurante, aproveitando o facto de existirem mais moradores em regime de teletrabalho.

“Eu acho que as pessoas, uma vez que estão em casa, também aproveitam para fazer a própria comida. O que pode acontecer é aumentar os ‘take-away’ porque, se já não saem para vir comer, se calhar pedem para poder comer em casa”, aponta.

Isaura Santos alerta, contudo, para as dificuldades que as pequenas empresas têm para aderir às grandes plataformas de entregas (o serviço ‘delivery’), considerando serem necessários apoios.

“O ‘delivery’ torna-se mais difícil porque existem empresas no mercado que fazem esse trabalho, mas a percentagem que eles querem é demasiadamente elevada, o que para as estruturas pequenas é quase impossível aderir”, ressalva.

E se para a restauração uma das ‘saídas’ está a ser o ‘take-away’, para algumas lojas a alternativa de subsistência estão a ser as vendas ‘online’, como é o caso da loja de roupa Muounti.

“O que nós notamos é que não temos tantos clientes presenciais, mas vendemos mais ‘online’. As vendas ‘online’ funcionam bem e temos conseguido fazer vídeos, fotos. Os clientes têm aderido facilmente e os artigos vão-se vendendo”, conta a lojista Tânia Silva.

No entanto, o otimismo de alguns comerciantes contrasta com o pessimismo do presidente da Associação Empresarial de Comércio e Serviços dos concelhos de Loures e Odivelas, Alcindo Almeida.

“O comércio está todo paralisado. Nós temos uma quebra de mais de 50% na restauração e 40% no outro comércio”, relata à Lusa, à porta da funerária que gere, no centro da cidade de Loures.

Alcindo Almeida sublinha que a generalidade dos comerciantes “está desesperada” e que nos últimos tempos cerca de 25% foi obrigado a fechar portas.

“A Câmara tem-nos ajudado em algumas coisas, como o programa do ‘take-away’, a isenção de taxas, mas é insuficiente para aquilo de que o comércio precisa”, alerta, defendendo mais apoios por parte do Governo.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares (CDU), reconhece a dificuldade vivida por alguns comerciantes, sobretudo do setor da restauração, mas ressalva que a autarquia tem ajudado como pode.

“Nós temos a noção de que este problema só se resolve com medidas nacionais, mas não nos excluímos do apoio que à nossa escala podemos dar para que o comércio e as empresas locais possam resistir a estes próximos meses e manter-se como agente forte”, afirma o autarca.

Bernardino Soares sublinha que, para apoiar o comércio local, a autarquia implementou um conjunto de medidas como a isenção do pagamento das taxas de ocupação da via pública, que permite alargar as esplanadas, e a criação de um programa de apoio ao serviço de ‘take-away’, que vigorará nos fins de semana e feriados em que existam limitações à circulação.

 

 

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