Incêndios causam 7 mortos, casas destruídas e vias cortadas no Centro e Norte
Os incêndios que lavram desde domingo em Portugal continental, com especial incidência nas regiões Centro e Norte, já causaram sete mortes e pelo menos 40 feridos, atingindo algumas dezenas de imóveis e obrigando a cortar estradas e autoestradas.
As mais recentes vítimas dos incêndios são três bombeiros da corporação de Vila Nova de Oliveirinha, em Tábua, que morreram quando se deslocavam para um incêndio naquele concelho do distrito de Coimbra.
A primeira morte registada nos fogos dos últimos dias foi um bombeiro vítima de doença súbita quando combatia no domingo as chamas em Oliveira de Azeméis, distrito de Aveiro.
Na segunda-feira, as autoridades anunciaram mais duas mortes no distrito de Aveiro, a de uma pessoa encontrada carbonizada e um óbito por ataque cardíaco.
Entretanto, uma idosa que tinha a casa numa zona de fogo em Almeidinha, Mangualde, morreu durante a noite de doença súbita, segundo fonte do Comando Sub-Regional Viseu Dão Lafões. Entre as vítimas destacam-se ainda dois feridos graves.
Os distritos mais fustigados pelos incêndios, pelas 13:30, continuavam a ser o de Aveiro, onde as chamas continuam a lavrar com intensidade nos concelhos de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga e Águeda; o de Coimbra, com especial incidência no concelho de Tábua; e o de Viseu, com focos maiores em Nelas e Castro Daire.
O comando nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil ficou com a coordenação dos quatro grandes incêndios do distrito de Aveiro, que esta manhã tinham um perímetro total aproximado de 100 quilómetros.
No distrito do Porto, um incêndio que deflagrou na segunda-feira no concelho de Gondomar mobilizava 227 operacionais e 53 viaturas. Preocupavam também as ocorrências nos concelhos de Baião, Paredes e Santo Tirso.
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Devido a esta situação, foi hoje ativado o Plano Distrital de Emergência de Proteção Civil do Porto, juntando-se ao de Aveiro, e encontram-se ativos 10 planos municipais, conforme adiantou no ‘briefing’ das 13:00 o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes.
O responsável sinalizou também o corte de vias de trânsito, destacando as Autoestradas 1 (A1) em Aveiro Sul e Estarreja, a A13 em Coimbra, o Itinerário Complementar 2 (IC2) com o nó da A25, a A24 em Castro Daire e Vila Pouca de Aguiar, e o nó da A43 e da A41 em Gondomar.
Por outro lado, a circulação de comboios na linha do Vouga foi hoje retomada entre Espinho-Vouga e Paços de Brandão, após uma suspensão devido aos incêndios, que continuam a impedir a circulação entre Marco de Canaveses e Régua, na Linha do Douro.
O número de habitações e outras estruturas atingidas não foi atualizado hoje a nível nacional, mas na noite de segunda-feira havia mais de 20 casas afetadas, além de outras estruturas, e hoje vários municípios deram conta de novos imóveis destruídos.
Pelas 13:30 estavam envolvidos nas 24 ocorrências mais significativas 3.339 operacionais, 1.040 viaturas e 24 meios aéreos. A Proteção Civil registou entre as 00:00 e as 12:30 de hoje 105 ocorrências, a maioria durante o período noturno (57), a que se somam as 277 ocorrências na segunda-feira.
Entretanto, as autoridades já detiveram três pessoas, um homem e duas mulheres, suspeitas de incêndios nos concelhos de Pombal e Alvaiázere, no distrito de Leiria, e em Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, desde a semana passada.
O Governo alargou até quinta-feira a situação de alerta devido ao risco de incêndios, face às previsões meteorológicas, e anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para lidar com as consequências dos fogos dos últimos dias, coordenada pelo ministro-adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, que teve hoje a sua primeira reunião em Aveiro.
Várias personalidades já manifestaram o seu pesar e solidariedade pelas vítimas do incêndio, entre eles o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do Parlamento da Madeira, José Manuel Rodrigues, e o patriarca de Lisboa. Rui Valério.
Após uma reunião do conselho diretivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses que ocorreu de manhã, a presidente deste organismo, Luísa Salgueiro, defendeu que a profissionalização dos bombeiros pode ser a resposta para a falta de capacidade que o país enfrenta no combate aos incêndios.
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