Londres continua a negar a Zelensky mísseis de longo alcance em solo russo

O Reino Unido indicou hoje que a Ucrânia pode utilizar armas fornecidas por Londres para a sua defesa, o que “não exclui operações dentro da Rússia”, mas não os mísseis de longo alcance, segundo um porta-voz da Defesa britânica.

Londres continua a negar a Zelensky mísseis de longo alcance em solo russo

Este pronunciamento surge após o habitual discurso noturno do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na quarta-feira quando afirmou que Kiev e os seus aliados precisam tomar decisões sobre o uso de mísseis de longo alcance em solo russo.

Nas suas intervenções anteriores desta semana, Zelensky destacou a assimetria entre a capacidade da Rússia de atacar todo o território ucraniano, seja com os seus próprios mísseis ou com mísseis norte-coreanos, e as restrições dos aliados à capacidade Kiev de atacar para lá das zonas imediatamente próximas da fronteira entre ambos os países.

Na leitura do Reino Unido, a Carta das Nações Unidas dá à Ucrânia o direito de autodefesa contra ataques ilegais da Rússia, o que não impede operações dentro da Rússia, disse o porta-voz.

“Deixámos claro durante o processo de doação que os equipamentos serão utilizados de acordo com o direito internacional”, acrescentou.

No entanto, os mísseis Storm Shadow continuarão proibidos de ser utilizados fora das fronteiras da Ucrânia.

O Governo britânico já tinha indicado que estes mísseis de longo alcance só serão utilizados no conflito dentro da Ucrânia.

Em simultâneo, no campo de batalha, as autoridades da região russa de Kursk, invadida pelas forças ucranianas há dez dias, ordenaram a “retirada obrigatória” dos habitantes do distrito de Glushovski, informou hoje o governador em exercício daquela entidade da Federação Russa, Alexei Smirnov.

“O quartel-general de operações regionais decidiu a evacuação obrigatória de todo o distrito de Glushovski”, escreveu Smirnov no canal Telegram.

O distrito de Glushkovski, fronteiriço com a Ucrânia, com uma área de 850 quilómetros quadrados, um dos 28 da região de Kursk, tinha, segundo dados de 2021, antes do início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, uma população de 20 mil habitantes.

A comunicação social ucraniana, citando dados do Serviço de Segurança da Ucrânia, avançou hoje que 102 militares russos foram capturados de uma só vez na região de Kursk, referindo que se trata da “maior captura de forças russas conseguida de uma só vez”.

Numa operação em que agentes ucranianos atacaram um complexo fortificado russo, 102 soldados do 488.º Regimento de Fuzileiros Motorizados e membros das forças especiais do Exército da Federação Russa foram feitos prisioneiros, apesar de, segundo fontes do Ukrainska Pravda, estes soldados capturados terem “suprimentos e munições suficientes”.

O Ukrainska Pravda e também a agência Ukrinform publicaram um vídeo nas redes sociais com os soldados prisioneiros, que descrevem como “a captura mais expressiva do inimigo”.

Estes meios de comunicação não especificaram quando os soldados russos foram capturados, embora o comandante-chefe do exército ucraniano, Oleksandr Sirski, tenha anunciado na quarta-feira que mais de uma centena de prisioneiros russos tinha sido capturada “desde o início do dia”.

O governador da região russa vizinha de Belgorod, Viacheslav Gladkov, anunciou no Telegram que o Ministério das Situações de Emergência russo elevou o nível do estado de emergência declarado na entidade de regional para federal, o que implica a atribuição de recursos adicionais para a região.

Além disso, Gladkov referiu que quatro habitantes da cidade de Shebekino, bombardeada quase diariamente a partir do território da Ucrânia, ficaram feridos hoje na sequência de um ataque de ‘drones’.

Imagens de satélite analisadas pela agência Associated Press (AP) mostram entretanto que um ataque de ‘drone’ ucraniano a bases aéreas russas danificou pelo menos dois hangares e outras áreas.

As imagens captadas pelo Planet Labs PBC e analisadas pela AP mostram que dois hangares na Base Aérea de Borisoglebsk foram atingidos, com um campo de destroços visto em redor de ambos.

De acordo com a AP, não é claro que propósito serviam os hangares, mas parecia também haver danos potencialmente causados a dois caças na base.

Em sentido inverso, o Exército Ucraniano reclamou o abate de 29 ‘drones’ Shahed de fabrico iraniano lançados pela Rússia, segundo o comandante da Força Aérea Ucraniana, Mikola Oleschuk, através do seu canal Telegram.

Nos ataques aéreos russos registados na noite de quarta-feira para hoje, a Rússia utilizou ainda três mísseis Kh-59.

Enquanto as tropas ucranianas atacam as regiões fronteiriças da Rússia, as forças de Moscovo prosseguem a sua ofensiva no leste da Ucrânia, onde reivindicaram hoje a captura de uma aldeia a cerca de quinze quilómetros da cidade de Pokrovsk, um importante centro logístico na província de Donetsk.

“Unidades do grupo de tropas do Centro libertaram a aldeia de Ivanivka” na região de Donetsk, afirmou o Ministério da Defesa russo no seu relatório diário.

A cidade de Pokrovsk, que tinha cerca de 61 mil habitantes antes do conflito, está numa rota importante para os bastiões ucranianos de Chasiv Yar e Kostiantynivka.

As forças russas têm avançado rapidamente neste setor desde a captura de Otcheretyne, no início de maio.

Se a ofensiva de escala sem precedentes levada a cabo desde 06 de agosto pelas tropas ucranianas na região russa de Kursk atrai muita atenção, a maior parte dos combates continua a ter lugar no Donbass, onde as tropas russas têm evoluído desde o início do ano.

Segundo Kiev, a incursão ucraniana na Rússia, a maior ofensiva de um exército estrangeiro em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial, visa, entre outras coisas, forçar a Rússia a deslocar tropas do leste da Ucrânia.

HB // EA

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS