Mossos d’Esquadra acusam Puigdemont de deslealdade e recusam ser “polícia patriótica”
O comissário-chefe dos Mossos d’Esquadra acusou hoje Carles Puigdemont de deslealdade com a polícia da Catalunha ao tentar usar a sua eventual detenção para desestabilizar o acordo de investidura do socialista Salvador Illa como presidente do Governo Regional.
O comissário-chefe Eduard Sallent admitiu, em conferência de imprensa, que na quinta-feira, não conseguiram prender Puigdemont “por mais que tentassem” e denunciou uma “verdadeira campanha de desinformação” por parte da comitiva do ex-presidente do Governo da Catalunha sobre o seu regresso a Espanha.
De acordo com o responsável da polícia, os Mossos d’Esquadra acreditaram no que Puigdemont e a sua comitiva estavam a anunciar há dias sobre as suas intenções de assistir à sessão plenária de investidura do novo presidente da Catalunha.
“É alguém que foi presidente da Generalitat, não é um Jodorovich ou uma pessoa que se dedica ao crime organizado”, disse.
Sallent, que insistiu em negar qualquer tipo de negociação com Puigdemont e a sua comitiva para aceitar a sua detenção, também acusou os dois elementos da polícia da Catalunha que foram detidos por terem ajudado o líder independentista a regressar a Barcelona e a fugir novamente, o que considerou “repreensível, inaceitável e uma afronta” àquele corpo de polícia.
“Não merecem vestir o nosso uniforme”, disse, assegurando que os Mossos d’Esquadra não aceitam ser uma “polícia patriótica”.
O comissário-chefe da polícia catalã disse ainda que os Mossos d’Esquadra continuam à procura de Carles Puigdemont, porque não acreditam na “desinformação” das pessoas que o rodeiam e que afirmam que já está fora de Espanha.
O secretário-geral do JxCat, Jordi Turull, disse hoje que Puigdemont, que na quinta-feira desapareceu após uma breve aparição num evento em Barcelona, já regressou à sua residência em Waterloo, na Bélgica.
Sallent disse que não têm “nenhum elemento objetivo” para confirmar que Puigdemont já está fora de Espanha, sublinhando que não dá “crédito” à “desinformação” das pessoas que o acompanharam na sua fuga.
“Enquanto não tivermos provas de que ele está fora do âmbito das nossas competências, continuaremos a procurá-lo para dar cumprimento ao mandado de captura”, disse.
Puigdemont, antigo presidente do Governo Regional da Catalunha e protagonista da declaração unilateral de independência da região de 2017, vive no estrangeiro desde então, para fugir à justiça espanhola, e continua a ser alvo de um mandado de detenção em território nacional.
Apesar disso, conseguiu surgir na quinta-feira em público numa concentração de milhares de apoiantes no centro de Barcelona sem ser detido.
Depois de, a partir de um palco, se ter dirigido à multidão concentrada numa praça do centro da cidade, o dirigente separatista desapareceu, desconhecendo-se o seu paradeiro.
Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado que estaria na sessão parlamentar de quinta-feira, convocada para investir o socialista Salvador Illa presidente do Governo Regional, mas o plenário decorreu sem a sua presença.
A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local, onde se esperava que fosse detido.
Os Mossos d’Esquadra acionaram depois a “operação Jaula”, um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizá-lo, mas sem sucesso.
CFF (JSD/MP) // JH
By Impala News / Lusa
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