Parlamento Europeu cumpriu essencial da agenda em legislatura marcada por crises

O Parlamento Europeu celebrou esta semana, em Estrasburgo, a derradeira sessão plenária da IX legislatura, marcada por duas crises sem precedentes, a pandemia da covid-19 e a guerra na Ucrânia, que não comprometeram o essencial da agenda traçada em 2019.

Parlamento Europeu cumpriu essencial da agenda em legislatura marcada por crises

Apesar das crises, uma das quais ainda em curso, que concentraram boa parte das energias da União Europeia (UE) ao nível das três instituições, o entendimento generalizado no Parlamento Europeu é que a assembleia “cumpriu”, com a adoção de pacotes legislativos “transformadores” para a Europa, de acordo com várias fontes parlamentares e partidárias.

Entre as peças legislativas mais emblemáticas adotada nesta legislatura (2019-2024), contam-se o pacote legislativo de grande envergadura conhecido como Pacto Ecológico (‘Green Deal’, no original), a reforma da Política Agrícola Comum (PAC), regulamentação dos serviços e mercados digitais, incluindo a primeira regulamentação comunitária sobre inteligência artificial, leis como aquelas para garantir igualdade de remuneração, para combater o abuso sexual de crianças ‘online’ e a violência contra mulheres, e, muito recentemente, o novo Pacto Migratório e a revisão das regras orçamentais da UE.

Pelo lado negativo, esta IX legislatura ficou também ensombrada pelo caso de corrupção conhecido como ‘Qatargate’, entre outros a envolver suspeitas de subornos de atores ou países terceiros a eurodeputados, e, sem ‘culpa’ do Parlamento, o bloqueio de leis que haviam merecido acordo político entre as instituições e sido mesmo aprovadas pela assembleia, como a Lei de Restauração da Natureza, parte do Pacto Ecológico.

Numa legislatura que também assistiu à inédita ‘deserção’ de um Estado-membro da UE — a saída do Reino Unido, consumada em 2020, que levou a uma reconfiguração também do hemiciclo face à saíde dos 73 deputados britânicos -, o Parlamento logrou estar alinhado com as instituições na resposta aos grandes desafios dos últimos cinco anos, com destaque para a gestão da pandemia da covid-19 e resposta às suas consequências, incluindo o grande plano de relançamento económico, assim como ao apoio à Ucrânia.

No entanto, o próximo ciclo legislativo 2024-2029 ameaça ser, internamente, bem mais conturbado, dada a subida da direita radical antecipada pelas sondagens em muitos Estados-membros fazer prever um Parlamento Europeu muito mais fragmentado e com forte presença no hemiciclo de forças extremistas, contrárias a grandes ‘bandeiras’ desta legislatura, como o apoio à Ucrânia e o combate às alterações climáticas.

O último dia de trabalhos parlamentares antes da eleições europeias, na quinta-feira, coincidiu com o 50º aniversário do 25 de abril, tendo eurodeputados portugueses distribuído mais de um milhar de cravos à entrada para o hemiciclo de Estrasburgo e entoado o “Grândola Vila Morena”, para lembrar os valores da revolução e advertir para os riscos de retrocessos, face ao avanço da direita radical um pouco por toda a Europa, a pouco mais de um mês de os cidadãos europeus serem chamados às urnas nos 27 Estados-membros para eleger a assembleia para o período 2024-2029.

Na sua última intervenção enquanto presidente do Parlamento Europeu nesta legislatura, Roberta Metsola afirmou-se “imensamente orgulhosa de todo o trabalho feito, todas as leis aprovadas, todos os debates realizados e todos os desafios ultrapassados juntos”, disse acreditar que a assembleia pode “olhar para este mandato com satisfação”.

Sublinhou ainda feliz coincidência de o mesmo terminar com a celebração dos 50 anos do 25 de abril, “um momento na História europeia que ainda hoje reverbera e inspira” e que, sublinhou, recorda que “nunca se deve dar por adquiridos os valores europeus fundamentais” que a Revolução dos Cravos representa: a democracia, a liberdade e a dignidade.

Apesar de Estrasburgo ter acolhido a última sessão legislativa da legislatura, esta só termina a 15 de julho, pelo que os eurodeputados manter-se-ão em funções até lá, podendo ainda reunir-se extraordinariamente, a nível de comissões parlamentares ou mesmo de plenário, se tal for necessário, explicou um porta-voz da assembleia.

O Parlamento Europeu só voltará todavia a celebrar uma sessão plenária dentro de sensivelmente três meses, entre 16 e 19 de julho, naquela que será a sessão constitutiva da legislatura 2024-2029, tendo já em conta os resultados das eleições europeias agendadas para o período entre 06 e 09 de junho nos 27 Estados-membros.

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By Impala News / Lusa

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