PCP critica testes obrigatórios para restaurantes perante demora na vacinação

O secretário-geral do PCP disse hoje em Ovar, não ser admissível que mais de 60% dos portugueses sem a vacinação completa, por o programa estar atrasado, sejam agora obrigados pelo Governo a fazer um teste para entrar em restaurantes.

PCP critica testes obrigatórios para restaurantes perante demora na vacinação

Jerónimo de Sousa falava numa intervenção no convívio regional da CDU que decorreu em Ovar, no distrito de Aveiro, também aproveitando para fazer a apologia dos candidatos da coligação entre o PCP e Os Verdes às próximas eleições autárquicas. “Não é admissível que mais de 60% dos portugueses, que não têm neste momento a vacinação completa – não por responsabilidade própria, mas porque o plano de vacinação está atrasado devido à falta de vacinas no tempo próprio – sejam agora obrigados, por decisão do Governo, a fazer um teste para entrar num restaurante entre as 19h00 de sexta-feira e as 22h30 de domingo”, assinalou o líder comunista.

Neste contexto, o dirigente perguntou “onde estão os tão necessários investimentos no reforço do Serviço Nacional de Saúde, para colmatar o défice de profissionais, para a renovação e reforço dos equipamentos, para melhorar as condições de trabalho e atendimento, e para o reforço das equipas de saúde pública”. No mesmo tom, Jerónimo de Sousa questionou também pelos investimentos nos transportes públicos, em mais autocarros e mais carruagens, para promover ao mesmo tempo a redução do contágio de covid-19 e a substituição do automóvel, considerando serem estas as “medidas necessárias” e não “vagas sucessivas de política do medo, do terror e de limitações de liberdades”.

Desde hoje às 15h30, os restaurantes em concelhos de risco elevado ou muito elevado (atualmente, 60 dos 278 municípios do continente) passaram a ter de exigir certificado digital ou teste negativo à covid-19 para refeições no interior dos estabelecimentos. O certificado digital ou o teste negativo é exigido aos clientes a partir das 19h00 à sexta-feira e aos fins de semana e feriados. Sempre de dedo apontado ao Governo, o dirigente do PCP questionou o triunfalismo da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia quando “grita vitória pela reforma da PAC [Política Agrícola Comum]”, que “diz ser a mais ambiciosa de sempre”.

“De que nos serve essa vitória se todos os vícios da PAC lá continuam? Se os apoios vão continuar a ser repartidos como até agora, em que 7% dos maiores beneficiários recebem 70% do total das ajudas? Se os apoios vão continuar a ser dirigidos para o grande agronegócio, reservando para a pequena e média agricultura as migalhas do costume?”, prosseguiu. No seu entender, “o Governo pode dar respostas se quiser”. Jerónimo de Sousa lembrou, por exemplo, a lei aprovada na Assembleia da República, proposta pelo PCP, que “prevê um desconto na eletricidade verde, de 20% da fatura para explorações até 50 hectares e 80 cabeças normais, e de 10% para as restantes explorações e para cooperativas e organizações de produtores”.

Sobre a chegada dos apoios inseridos no Plano de Recuperação e Resiliência e no novo Quadro Comunitário de Apoio, o secretário-geral do PCP aconselhou “prudência”, alertando que “não só não se constituirão como alavancas para o crescimento económico e o desenvolvimento do país”, como ” obedecem cegamente às orientações externas e estão pensados para favorecer os interesses do grande capital”. “Falam em 16 mil milhões de euros, incluindo empréstimos, mas só no ano passado o conjunto dos acionistas dos grupos económicos distribuíram dividendos no valor de 7.400 milhões de euros. E nos paraísos fiscais foram postos ao fresco mais 6,8 mil milhões, mais 14% do que em 2019, apesar da epidemia. Somando o que saiu e comparando com o que vem, o saldo é quase zero e ganham sempre os mesmos”, sustentou o líder comunista.

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