PCP quer esclarecimentos adicionais sobre navio contentor que atracou sábado em Lisboa

O PCP pediu hoje esclarecimentos adicionais ao Governo sobre o navio que alegadamente tem um histórico de transporte de armas para Israel e que atracou sábado em Lisboa, depois de ter sido impedido de acostar em Espanha.

PCP quer esclarecimentos adicionais sobre navio contentor que atracou sábado em Lisboa

Em perguntas dirigidas ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, o grupo parlamentar do PCP considera que o comunicado do Governo no sábado “deixa vários problemas sem resposta”.

Os deputados comunistas referem que, no sábado à noite, atracou em Lisboa o navio Nysted Maersk, que, de acordo com organizações internacionais e movimentos de solidariedade com o povo palestino em Portugal, “está envolvido no transporte de armas e munições, designadamente com origem nos EUA, para o exército de Israel, tendo, nos últimos meses, realizado cerca de quatro centenas de missões dessa natureza”.

“Terá sido aliás essa razão que levou as autoridades do Estado Espanhol a impedir a acostagem do navio em Algeciras, razão próxima para a sua passagem por Lisboa. É sabido que, depois de Lisboa, o navio se dirige para Tânger, prosseguindo a rota para leste em direção a Israel”, refere o PCP.

Em comunicado divulgado no sábado, o Governo português justificou a autorização dada para a acostagem do navio com o facto de não transportar “qualquer carga militar, armamento ou explosivos” e descreve detalhadamente a carga, em que se incluem “três contentores com componentes de aviões (peças de asas) com destino aos EUA”.

“O esclarecimento prestado pelo Governo, pese embora o seu aparente detalhe, deixa vários problemas sem resposta. Desde logo, a razão pela qual o navio foi impedido de acostar no porto espanhol de Algeciras. Em segundo lugar, a rota subsequente do navio”, refere o PCP.

Para o partido, “se for verdade que o navio se prepara para carregar material militar com destino a Israel, a descarga em Lisboa afigura-se como uma operação indispensável, permitindo libertar o navio para o transporte de armas e munições”.

“Por fim, a origem dos três contentores com material aeronáutico a bordo do navio e alegadamente com destino aos EUA, sendo certo, como o comunicado do Governo reconhece, que o navio estáeve no porto de Haifa no dia 25 de outubro”, acrescenta-se nas perguntas dirigidas aos dois ministros.

O PCP considera que “a extrema gravidade da situação que se vive nos territórios palestinos ocupados, com particular incidência na faixa de Gaza, e as obrigações internacionais que daí decorrem impõem cuidados adicionais a todos os estados, desde logo a Portugal, de maneira a impedir que o país seja de alguma maneira envolvido na prática dos crimes de guerra e dos crimes contra a humanidade levados a cabo por Israel”.

“A autorização para a acostagem ao navio Nysted Maersk em portos portugueses que foi dada pelo Governo Português, com o histórico conhecido de envolvimento deste navio na assistência militar a Israel a par com as dúvidas que permanecem sobre esta missão em concreto, sugerem que a necessidade de tais cuidados não está ser considerada”, criticam.

Assim, nas perguntas dirigidas aos dois ministérios, o PCP quer saber “que diligências em concreto e que entidades foram consultadas no processo de averiguações que conduziram à autorização de acostagem dada ao navio Nysted Maersk”.

“Em algum momento, nesse processo, o Governo português procurou obter junto do Governo de Espanha informações sobre as razões para a proibição da acostagem do navio no porto de Algeciras?”, perguntam ainda.

Por outro lado, confirmando-se que os contentores com material aeronáutico transportados a bordo do navio Nysted Maersk se destinam aos EUA, o PCP quer saber se “está o Governo em condições de garantir que eles não têm origem em Israel”.

O PCP pergunta ainda ao Governo se vai tomar “medidas ou procedimentos adicionais” para evitar que Portugal se torne “cúmplice dos crimes praticados por Israel”.

SMA (SIM/IMA) // SF

By Impala News / Lusa

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