Quem é Roberto Fico, polémico primeiro-ministro da Eslováquia alvo de atentado
Quem é Robert Fico? O polémico primeiro-ministro da Eslováquia continua em estado grave após uma tentativa de assassinato, em 15 de maio. Foi baleado várias vezes à queima-roupa depois de sair de uma reunião.
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, continua em estado grave após uma tentativa de assassinato em 15 de maio. Foi baleado várias vezes à queima-roupa quando deixava uma reunião num centro cultural na cidade de Handlová, na Eslováquia. O autor do atentado foi preso e acusado de tentativa de homicídio.
Robert Fico baleado quatro vezes
Fico, de 59 anos, está no cargo desde outubro de 2023, mas também cumpriu dois mandatos anteriores como primeiro-ministro, de 2006 a 2010 e de 2012 a 2018. Fundou o partido Direção-Social Democracia (Smer-SD) em 1999, que lidera desde a sua fundação. As posições políticas de Fico foram descritas como populistas.
Muitos países europeus estão hoje seriamente divididos politicamente, alvo do populismo, com a utilização de notícias falsas e discursos de ódio. A Eslováquia é afetada de forma muito negativa por estas influências, com a população rural particularmente em risco. Uma sondagem recente sugeriu que apenas uma minoria da população eslovaca concorda que a Rússia é a culpada pela guerra na Ucrânia. Um grande número de eslovacos acredita também que a pandemia de covid-19 foi uma fraude e que as vacinas provocam a morte.
Primeiro-ministro da Eslováquia socorrido
Robert Fico levou o partido a uma vitória eleitoral esmagadora em 2012. Em Março de 2018, porém, uma crise política abalou o seu governo após o assassinato do jornalista Ján Kuciak e da namorada. Kuciak investigava a corrupção nos círculos mais elevados da política eslovaca e as eventuais ligações entre políticos eslovacos e o clã da máfia italiana Ndrangheta.
Embora nada de concreto tenha sido encontrado pessoalmente contra Fico, a forma como lidou com a situação fez com que os seus parceiros de coligação se retirassem do governo. Fico foi forçado a demitir-se. Em 2022, foi acusado de atos relacionados com o crime organizado, mas a sua imunidade como membro do parlamento salvou-o da prisão. Negou as acusações e culpou “estruturas criminosas” da polícia pelas acusações contra ele.
Um governo pró-ocidental assumiu o poder, mas a sua aparente incompetência em lidar com a pandemia da covid-19 levou Robert Fico a uma nova vitória eleitoral, em outubro de 2023. Antes da eleição, prometeu acabar com o apoio militar à Ucrânia. Desde que regressou ao poder, o governo Fico recusou juntar-se a uma coligação liderada pela República Checa de cerca de 20 estados na obtenção de ajuda militar para os ucranianos.
As relações com a União Europeia também têm sido tensas neste sentido. O primeiro-ministro eslovaco criticou as políticas de Bruxelas de apoio à Ucrânia e apoiou a Hungria nas suas tentativas de bloquear um pacote de ajuda da UE para o esforço de guerra. Mais recentemente, entretanto, suavizou a posição e insistiu que não bloqueará o pedido da Ucrânia para tornar-se Estado-Membro da UE.
Suspeito de tentativa de assassinato detido
As recentes políticas internas de Fico causaram divisão, levando a protestos nas ruas poucas semanas antes do atentado contra a sua vida. Uma controvérsia em curso sobre as tentativas de Fico para reprimir a liberdade dos meios de comunicação social desencadeou manifestações na capital da Eslováquia, Bratislava.
Apesar de tudo, foi feita uma tentativa de assassinato contra um líder eleito de um país europeu. A presidente da Eslováquia, Zuzana Čaputová, apelou à calma e instou a população a não tirar conclusões precipitadas sobre o motivo do ataque. Num breve discurso, afirmou que o incidente não é apenas um ataque a uma pessoa, mas também à própria Democracia. A campanha para as iminentes eleições europeias foi suspensa. A situação na Eslováquia é agora extremamente perigosa e é necessário cabeça fria para evitar uma escalada de tensão.
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