Ucrânia: Metalurgia reclama linhas de crédito para mitigar “graves prejuízos” nos abastecimentos
O conflito na Ucrânia está a causar “graves prejuízos” à metalurgia e metalomecânica no abastecimento de energia e matérias-primas, defendendo a associação setorial a urgência de linhas de crédito específicas para evitar um impacto superior ao da pandemia.
“É, em nosso entendimento, absolutamente urgente que sejam agilizadas linhas de crédito em condições muito especiais. Destinadas especificamente a apoiar as empresas neste âmbito”. Afirma o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). Alertando que, “para a indústria transformadora, esta questão pode vir a ter um impacto ainda mais negativo do que aquele que resultou da pandemia”. Em declarações à agência Lusa, Rafael Campos Pereira referiu que, “em termos de exportações, nem a Rússia nem Ucrânia representam grandes mercados para as empresas do Metal Portugal”.
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No caso específico da Rússia, embora haja empresas portuguesas de alguns segmentos do setor — nomeadamente máquinas — que “têm realizado um número crescente de negócios” naquele mercado. O dirigente associativo ressalva que, “ainda assim, a Rússia não se encontra nos 30 principais mercados do Metal Portugal”. Contudo, e apesar do reduzido peso destes mercados nas exportações do setor, a AIMMAP alerta que “esta invasão da Rússia à Ucrânia, bem como as sanções aplicadas à Rússia, geram direta ou indiretamente graves prejuízos às empresas” portuguesas. “Tanto no que diz respeito abastecimento de energia, como no que se refere à compra de matérias-primas”.
“Todos os países fornecedores de gás natural estão a aumentar os preços”
Segundo salienta o dirigente associativo, relativamente à energia “esta situação fez aumentar brutalmente o custo do gás natural”. E, embora Portugal não compre diretamente à Rússia grandes quantidades de gás natural, o facto é que “não consegue ser imune à subida exponencial dos preços do mercado. Que se multiplicaram recentemente mais de cinco vezes”. “Na verdade, enfatiza, todos os países fornecedores de gás natural estão a aumentar os preços de venda na mesma proporção”. Rafael Campos Pereira sublinha que esta subida de preços “aumenta brutalmente os custos energéticos nas empresas. Tanto diretamente no gás natural. Como, indiretamente, na eletricidade”. Já que em alguns segmentos do setor, tal como noutros setores da indústria transformadora, “os custos da energia chegam a ultrapassar uma terça parte dos custos totais de produção”.
“Neste momento as nossas empresas não podem comprar nem à Rússia nem à Ucrânia”
Já no que se refere ao abastecimento de matérias-primas, nomeadamente o aço, o vice-presidente da AIMMAP refere que “tanto a Ucrânia, como a Rússia são importantes fornecedores. Representando mais de 30% da produção europeia”. “Neste momento as nossas empresas não podem comprar nem à Rússia nem à Ucrânia. O que fará inevitavelmente aumentar os preços e provocar falhas de abastecimento. Na nossa perspetiva, é fundamental que a Comissão Europeia reaja rapidamente. Eliminando transitoriamente as taxas e impostos. Que insiste em aplicar a importações de aço e alumínio de fora da União Europeia”, defende.
A Rússia invadiu a Ucrânia na madrugada de 24 de fevereiro. Numa ação descrita pelo Presidente Vladimir Putin como uma “operação militar especial” para proteger as pessoas. Que “têm sofrido abusos e genocídios por parte do regime de Kiev durante oito anos”. Putin disse que a operação visa “desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia”, recordou a agência TASS. A invasão foi criticada pela generalidade da comunidade internacional. A União Europeia (UE), países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão ou a neutral Suíça, bem como federações desportivas, impuseram sanções duras à Rússia. Que estão a afetar setores como a banca, a aviação ou o desporto.
As sanções também visam individualidades russas. Como o próprio Putin ou o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov. A ONU deu conta de que mais de um milhão de pessoas fugiram para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia desde o início da invasão da Ucrânia.
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