Ursula von der Leyen pede que Maria Luís Albuquerque “desbloqueie investimento” na UE

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pede que a comissária nomeada por Portugal, Maria Luís Albuquerque, use a sua experiência para, na pasta dos Serviços Financeiros, “desbloquear montante substancial de investimento” para União Europeia.

Ursula von der Leyen pede que Maria Luís Albuquerque

Na carta de missão enviada por Ursula von der Leyen a Maria Luís Albuquerque — divulgada à imprensa após o anúncio da atribuição à comissária portuguesa da pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e do Investimento –, lê-se então que a sua tarefa “consiste em desbloquear o montante substancial de investimento privado necessário enquanto se salvaguarda também a estabilidade financeira”.

Ao mesmo tempo, a antiga ministra portuguesa das Finanças terá de, no novo colégio de comissários, “garantir um melhor acesso ao financiamento por parte das empresas da UE e criar melhores oportunidades para os cidadãos melhorarem a sua própria segurança financeira, em linha com a ambição de esta ser uma Comissão de Investimento”.

“Para atingir os nossos objetivos, a Europa tem de desbloquear o financiamento necessário para a transição ecológica, digital e social. Temos de ser mais ambiciosos na resolução do problema da falta de capital privado e dos nossos mercados ainda demasiado superficiais”, argumenta Von der Leyen.

Entre as medidas específicas pedidas a Maria Luís Albuquerque — cuja nomeação oficial ainda requer aval parlamentar — está a de criar uma União Europeia da Poupança e do Investimento, “incluindo os mercados bancários e de capitais, a fim de tirar partido da enorme riqueza da poupança privada”.

Os pedidos passam, também, por analisar o potencial dos regimes de pensões privados e profissionais para aumentar as poupanças, rever o quadro regulamentar para expansão de ‘startup’, fomentar o financiamento em projetos de combate às alterações climáticas, assegurar acesso a capital de risco, melhorar a supervisão e avançar com um sistema europeu de garantia de depósitos.

Acrescem outras iniciativas como a aposta na titularização, a inclusão de outro tipo de instituições financeiras não tradicionais, a promoção da literacia financeira, a inclusão da inteligência artificial e, ainda, o reforço do papel internacional da União na luta contra a criminalidade financeira.

Esta manhã, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu na cidade francesa de Estrasburgo, Von der Leyen anunciou então que, no seu colégio de comissários no próximo ciclo institucional (2024-2029), Maria Luís Albuquerque será a comissária europeia para os Serviços Financeiros e União da Poupança e Investimento, o que a seu ver “será vital para completar a União do Mercado de Capitais e para garantir que o investimento privado potencia a […] produtividade e inovação”.

A antiga governante portuguesa é uma das 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% para mulheres e de 60% de homens), num executivo comunitário virado para a competitividade comunitária.

Dados do Banco Central Europeu (BCE) indicam que, todos os anos, a UE perde 470 mil milhões de euros de investimento que não é feito na União Europeia devido à falta de uma União dos Mercados de Capitais.

Isto num contexto em que, após a pandemia de covid-19, a UE dispõe hoje de 33 biliões de euros em poupanças privadas, predominantemente detidas em moeda e depósitos.

É este contexto que Von der Leyen quer alterar, nomeadamente após os relatórios sobre competitividade da economia europeia elaborados pelos antigos primeiros-ministros italianos Enrico Letta e Mario Draghi terem defendido uma União da Poupança e do Investimento para não só manter as poupanças privadas na UE, mas também atrair recursos adicionais do estrangeiro.

ANE // CSJ

By Impala News / Lusa

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