Associação vegetariana contesta Deco e diz que dieta vegana é mais barata
Deco Proteste considerou a dieta vegana como a mais cara entre os regimes alimentares em Portugal.
A Associação Vegetariana Portuguesa (AVP) contestou esta segunda-feira a análise da Deco Proteste, que considerou a dieta vegana como a mais cara entre os regimes alimentares em Portugal, afirmando ser, afinal, a mais barata. “Ao contrário do que transmite a Deco Proteste, os consumidores vegan [veganos, em português] são os que menos gastam com a alimentação em Portugal”, afirma a AVP em comunicado.
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Segundo a associação, na análise da Deco “constam hábitos alimentares que podem não corresponder à realidade”, como “um cabaz de supermercado com muitos substitutos lácteos”, alternativas veganas ao leite e ao iogurte.
A AVP cita um estudo realizado por três investigadores da Universidade da Beira Interior — Daniel Francisco Pais, António Cardoso Marques e José Alberto Fuinhas —, que concluiu que “quem opta por uma alimentação de base vegetal (mais concretamente, vegan) tem maior probabilidade de gastar menos dinheiro nas compras de alimentação”.
Mais de 60% dos consumidores veganos dizem gastar menos de 60 euros por semana
O estudo baseou-se em 1.040 inquéritos online respondidos e os investigadores defendem também que adotar políticas alimentares que alinhem sustentabilidade e acessibilidade económica pode ter um impacto positivo na promoção de dietas de base vegetal. “O Governo português pode tornar a alimentação sustentável mais acessível e mais barata com alterações legislativas”, acrescenta.
De acordo com a AVP, mais de 60% dos consumidores veganos dizem gastar menos de 60 euros por semana com a alimentação — cerca de 240 euros num mês —, número que só é apontado por 32% dos inquiridos que segue uma alimentação onde entram carne, peixe, ovos e outros ingredientes de origem animal.
Observando os ovolactovegetarianos, 46% dos inquiridos responde que gasta menos de 60 euros com alimentação. “Usando como termo de comparação a fatia de inquiridos que exclui carne, mas inclui peixe e outros subprodutos animais, 24% tem um orçamento semanal de 40 euros a 59 euros. Há também 24% dos vegetarianos inquiridos com um gasto semanal entre os 60 euros e os 79 euros”, frisa.
Nas conclusões, os investigadores afirmam que “os gastos com comida são mais elevados para os consumidores que incluem carne e peixe na sua alimentação, comparando com todos os outros consumidores analisados”. “Estes reportaram uma despesa de 75,96 euros, o valor mais alto em comparação com outras dietas”, dizem, pondo em perspetiva o gasto de 62,35 euros de quem só come peixe, 68,6 euros dos flexitarianos, 59,39 euros dos ovolactovegetarianos e 47,78 euros dos veganos.
Veganos são quem “menos dinheiro gastam”
Olhando para a despesa fora de casa, os veganos, segundo a investigação, “continuam a ser os que menos dinheiro gastam”. Menos de cinco euros por semana, para metade dos inquiridos. “O mesmo valor só foi apontado por 22% dos inquiridos que consomem carne, peixe e derivados de animais”, indica a AVP.
Na semana passada, a Deco Proteste considerou que a dieta vegana, seguida por pelo menos 12% dos portugueses, era a melhor para o planeta, embora fosse a mais cara entre os quatro regimes alimentares mais comuns.
Em comunicado, a organização de defesa do consumidor referia ter analisado os regimes vegano, ovolactovegetariano, mediterrânico e planetário (que pretende aliar dieta, saúde e proteção do planeta) e concluía que o primeiro era “o mais dispendioso, exigindo mais de sete mil euros por ano”.
A Deco explicava que os valores apresentados tiveram por base “um plano alimentar equilibrado para quatro pessoas (dois adultos, uma criança e um adolescente)”.
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