Autoridades da Líbia detêm oito pessoas por colapso de barragens

O Procurador-Geral da Líbia ordenou a detenção de oito atuais e antigos funcionários governamentais enquanto decorre a investigação sobre o colapso de duas barragens no início deste mês, que provocou milhares de mortos.

Autoridades da Líbia detêm oito pessoas por colapso de barragens

As duas barragens nos arredores da cidade de Derna (leste) romperam-se em 11 de setembro, depois de terem sido inundadas pela tempestade Daniel, que causou fortes chuvas no leste da Líbia. Falhas nas duas estruturas levaram à inundação de cerca de um quarto da cidade, disseram as autoridades locais, destruindo bairros inteiros e arrastando pessoas para o mar.

As autoridades governamentais e as agências humanitárias estimaram que entre 4.000 a 11.000 pessoas morreram no desastre. Os corpos de muitas das pessoas mortas ainda estão sob os escombros ou no Mar Mediterrâneo, segundo equipas de busca.

Num comunicado, o gabinete do Procurador-Geral al-Sidiq al-Sour referiu que os procuradores ouviram no domingo sete antigos e atuais funcionários da Autoridade de Recursos Hídricos e da Autoridade de Gestão de Barragens sobre alegações de má gestão, negligência e erros contribuíram para o desastre.

O autarca de Derna, Abdel-Moneim al-Ghaithi, que foi demitido após o desastre, também foi interrogado, refere-se no comunicado. Os procuradores ordenaram que as oito pessoas fossem detidas enquanto a investigação está a decorrer, acrescenta-se o comunicado. As barragens foram construídas por uma empresa de construção jugoslava na década de 1970, acima de Wadi Derna, um vale fluvial que divide a cidade.

Um relatório de uma agência de auditoria estatal em 2021 referiu que as duas barragens não sofreram reparações, apesar da alocação de mais de dois milhões de dólares (1,88 milhões de euros) para este fim em 2012 e 2013.

Duas semanas depois do desastre, as equipas locais e internacionais ainda procuram corpos entre os escombros e debaixo da lama. Também vasculham o Mar Mediterrâneo ao largo de Derna, em busca de corpos arrastados pela inundação.

As inundações deixaram danificadas cerca de um terço das habitações e infraestruturas de Derna, de acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). As autoridades retiraram as pessoas da parte mais afetada da cidade, deixando apenas equipas de busca e ambulâncias.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que foram registadas mais de 4.000 mortes, incluindo estrangeiros, mas o número anterior de mortos dado pelo chefe do Crescente Vermelho da Líbia era de 11.300. O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirma que pelo menos nove mil pessoas ainda estão desaparecidas.

A tempestade atingiu outras áreas no leste da Líbia, incluindo as cidades de Bayda, Susa, Marj e Shahatt. Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas na região e foram alojadas em escolas e outros edifícios governamentais.

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