Chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU alerta para risco de fome no Iémen

O chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU alertou que centenas de milhares de crianças no Iémen vão ficar “à beira da fome”, se ligações ao país se mantiverem bloqueadas.

Chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU alerta para risco de fome no Iémen

O chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU alertou que centenas de milhares de crianças no Iémen vão ficar “à beira da fome”, caso a coligação liderada pela Arábia Saudita mantenha bloqueadas as ligações aéreas, terrestres e marítimas ao país.

Numa entrevista à agência Associated Press na segunda-feira, David Beasley disse que cerca de 70% da população iemenita (estimada entre 27 e 28 milhões de pessoas) “não sabe como vai conseguir a sua próxima refeição”.

Segundo Beasley, a agência só consegue chegar a sete milhões de iemenitas, “em parte devido à falta de fundos e em parte por falta de acesso”.

Se as ligações ao país continuarem suspensas, o resultado será arrasador, alertou:

“Não consigo imaginar que isto não seja uma das mais devastadoras catástrofes humanitárias a que vamos assistir em décadas”.

A coligação liderada pela Arábia Saudita encerrou na segunda-feira as ligações terrestres, marítimas e aéreas no Iémen, após um míssil ter sido disparado para Riade, culpando o Irão pelo lançamento e alertando que pode ser “considerado um ato de guerra”.

O comunicado da coligação intensificou a tensão entre o reino sunita ultraconservador e o Irão, o seu rival xiita. Os dois países têm interesses no conflito iemenita.

No domingo, um ataque em Áden, reivindicado pelo Estado Islâmico, causou a morte de pelo menos 17 pessoas.

Num comunicado, a coligação acusou o Irão de abastecer os rebeldes ‘huthis’ e os seus aliados, no Iémen, com os mísseis lançados no sábado na direção do aeroporto da capital saudita.

O Irão tem apoiado os rebeldes, mas nega o fornecimento de armamento e os militantes ‘huthis’ dizem ter produzido localmente os seus mísseis balísticos.

O comunicado da coligação indica que o encerramento das ligações é temporário e “tem em conta” o trabalho das organizações humanitárias.

Mais de 10 mil pessoas morreram no Iémen devido à guerra, que deixou o país à beira da fome.

A coligação lançou uma série de ataques aéreos sobre a capital iemenita, Sanaa, em resposta ao míssil balístico. A Arábia Saudita indicou que abateu o míssil e que os fragmentos caíram sobre uma zona desabitada no norte da capital.

A coligação ameaçou também o Irão com um ataque em retaliação: “O papel do Irão e o controlo direto do seu ‘proxy’ ‘huthi’ neste assunto constitui um claro ato de agressão que atinge países vizinhos e ameaça a paz e segurança na região e globalmente (…) Assim, a coligação considera [que se trata de] um flagrante ato militar de agressão do regime iraniano, e pode vir a ser considerado um ato de guerra contra o reino da Arábia Saudita”.

O comunicado indica ainda que a Arábia Saudita “se reserva o direito de responder ao Irão no momento e forma apropriada”.

O Irão rejeitou as acusações “irresponsáveis e provocadoras” e acusou Riade de “crimes de guerra” no Iémen, país devastado por um conflito armado iniciado em 2015.

Os ‘huthis’ disseram em comunicado que o míssil foi lançado em resposta a bombardeamentos que mataram civis.

O Iémen está mergulhado num conflito entre os rebeldes xiitas apoiados pelo Irão, conhecidos como ‘huthis’, e o governo reconhecido internacionalmente, aliado da coligação liderada pela Arábia Saudita. O Governo tem estado sedeado na Arábia Saudita desde que os ‘huthis’ passaram a controlar a capital em 2014. As forças governamentais controlam Áden, mas a cidade permanece volátil.

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