Médico russo revelou o terrível preço que o coronavírus está a causar no país, enquanto filmava os corpos de dezenas de vítimas amontoadas na morgue de um hospital. «Cadáveres por toda parte. Cadáveres, cadáveres», pode ouvir-se o homem a dizer enquanto conduz os espectadores por um corredor e uma sala de dissecação, normalmente usada para exames post-mortem, mas que é agora também usada como morgue para armazenar corpos. A filmagem foi capturada na cidade siberiana de Novokuznetsk, a 450 quilómetros da fronteira com o Cazaquistão, enquanto a Rússia sofre a segunda vaga de covid-19, que também já atingiu Portugal, com recordes diários de perdas de vida.

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Nesta segunda-feira, A Rússia relatou 17.347 novos casos de infeção, um novo novo recorde num só dia. O país também registou 219 mortes por covid-19, o menor total diário numa semana, embora haja a suspeita de que muitos óbitos não estão a ser registados, podendo o número real ser três vezes superior. Na filmagem, o profissional de saúde mostra uma estação de desinfecção e uma casa de banho, antes de entrar na área «suja» da morgue. «Temos um corredor cheio», diz, enquanto grava imagens de sacos de cadáveres espalhados pelo chão. Vê-se pelo menos um cadáver que nem sequer está colocado num saco, tendo simplesmente ali colocado sob um cobertor, com as pernas de fora.

«Cadáveres por toda parte. Cadáveres, cadáveres por toda parte», em resultado de morte por covid-19

«Aqui está uma sala de dissecação», prossegue o médico legista, revelando mais imagens de corpos. «Cadáveres por toda parte. Cadáveres, cadáveres por toda parte», em resultado de morte por covid-19. «Se não tivermos cuidado, podemos até tropeçar neles. Andamos literalmente sobre as cabeças dos mortos.» A delegação local do ministério da Saúde, na região de Kemerovo, confirmou a autenticidade do vídeo. Oleg Evsa, chefe do departamento local do ministério, foi entretanto demitido pelo governador local, Sergey Tsivilev, também infetado pelo novo coronavírus. «Dado o aumento no número de casos nas últimas três semanas, cresceu igualmente número de mortes. Devido ao atraso na entrega dos corpos, cerca de 50 dos falecidos tiveram de ser armazenados aqui», explica a autoridade sanitária russa.

Pessoas aguardam por consultas debaixo de temperaturas negtivas

O ministério informa também que muitos familiares também estão doentes com covid-19 ou em quarentena e, portanto, não podiam recolher os corpos dos entes queridos para os funerais. Uma semana antes, já tinha sido denunciado o caso de cerca de 30 cadáveres em bolsas pretas escondidas na cave de um hospital em Barnaul, região de Altai. Outro vídeo destacado pela comunicação social, em Borusio, mostra dezenas de pessoas a sofrerem com sintomas de covid-19 em Zheleznogorsk, forçadas a fazerem fila debaixo de temperaturas abaixo de zero para serem atendidas por médicos. Há filas semelhantes Krasnoyarsk e relatos de grave escassez de antibióticos.

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