Curiosity descobre em Marte algo que “não deveria estar lá”

“Encontrar um campo de pedras de enxofre puro é como encontrar um oásis no deserto”, diz cientista da NASA Ashwin Vasavada, referindo-se à descoberta de “algo que não deveria estar” em Marte.

Curiosity descobre em Marte algo que

O rover Curiosity da NASA deparou-se em Marte com algo “altamente incomum”. Ao explorar a superfície marciana em 30 de maio, o rover passou involuntariamente sobre uma rocha, revelando “cristais amarelos de enxofre” no seu interior. Esta descoberta chamou a atenção dos cientistas, pois formações de enxofre nunca tinham sido observadas antes naquele planeta.

“Encontrar um campo de pedras feitas de enxofre puro é como encontrar um oásis no deserto”, considera Ashwin Vasavada, cientista do projeto Curiosity, no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no sul da Califórnia.

Desde que pousou, em agosto de 2012, o Curiosity tem explorado a Cratera Gale, concentrando-se nas camadas sedimentares do Monte Sharp para estudar a história da água e as alterações climáticas de Marte. Recentemente, tem examinado o canal Gediz Vallis, que desce do Monte Sharp. Antes, esta área era conhecida pelo “solo rico em sulfato”, mas a descoberta de cristais de enxofre puro no interior da rocha “representa uma anomalia”, algo que não deveria estar lá”.

O achado é “particularmente convincente” porque os cristais de enxofre formam-se por norma “sob condições específicas, antes consideradas impossíveis nesta região marciana”. “As pedras ao redor, de aparência semelhante à da que foi esmagada, contêm possivelmente mais cristais de enxofre, o que sugere um fenómeno generalizado.”

Descoberta permite compreender melhor o passado e a possibilidade de vida em Marte

A exploração de Gediz Vallis produziu outras “perceções importantes”. O antigo vale exibe “sinais de fluxo de água do passado”, indicando que a água líquida esculpiu a paisagem e erodiu o terreno. Ao analisar as várias camadas sedimentares expostas pelo canal, os cientistas obtêm uma compreensão mais profunda da linha do tempo geológica de Marte e da presença de água, “crucial para avaliar o potencial do planeta para a vida”.

Além dos cristais de enxofre, o Curiosity encontrou “grandes pilhas de detritos no canal”. Acredita-se que estas formações sejam “resultado de inundações antigas e de deslizamentos de terra recentes”. Becky Williams, do Planetary Science Institute em Tucson, Arizona, observou o passado dinâmico e ativo desta região marciana e destacou os “vários fluxos de água que moldaram o canal, envolvendo inundações vigorosas e movimentos de fluxos carregados de pedras”.

Embora as rochas de enxofre sejam demasiado delicadas para serem amostradas diretamente pela broca do Curiosity, o rover perfurou com sucesso uma rocha maior, próxima chamada Mammoth Lakes, para análise. A amostra pode fornecer mais informações sobre o cenário geológico peculiar e a história da área. Cada descoberta do Curiosity “acrescenta uma peça ao quebra-cabeça, melhorando a nossa compreensão do passado de Marte e o seu potencial para suportar a vida”.

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