Deportação de quadro da Volkswagen ilustra intransigente política antidroga da China
A deportação de um quadro da Volkswagen na China, esta semana, após testar positivo para o consumo de droga ao regressar da Tailândia, exemplifica o intransigente sistema de controlo de estupefacientes vigente no país asiático.
A imprensa alemã noticiou na segunda-feira que o especialista em marketing e inventor do internacionalmente famoso ‘slogan’ “Das Auto” para os carros da Volkswagen, Jochen Sengpiehl, deu positivo num teste de deteção de consumo da canábis efetuado pela polícia chinesa, após umas férias na Tailândia.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês confirmou na quarta-feira que Sengpiehl testou positivo para o consumo de droga, e que foi detido durante 10 dias, antes de ser deportado.
As autoridades chinesas realizam aleatoriamente testes de consumo de drogas a passageiros na chegada à China. Avisos difundidos pelas embaixadas chinesas em países que descriminalizaram a canábis – incluindo a Tailândia, o Canadá e os Países Baixos — lembram que quem testar positivo à chegada é punido “da mesma forma que se usasse drogas na China”.
A Tailândia, um destino preferido entre os chineses, é particularmente visada pelas autoridades, desde que a canábis foi descriminalizada no país, em 2022.
Um turista italiano oriundo de Banguecoque, que visitou Xangai, no verão passado, para uma estadia de uma semana, contou à Lusa que acabou por ser detido durante dois dias e punido com uma multa de 500 yuan (65 euros), após testar positivo no aeroporto.
Bares e outros espaços noturnos em Pequim e Xangai são também frequentemente alvos de rusgas, com a polícia a testar todos os clientes.
Mesmo que o consumo tenha sido realizado fora do país, um teste positivo é punível com detenção administrativa, que pode ir até 15 dias e, se for estrangeiro, deportação.
Os testes consistem normalmente na recolha de uma amostra de urina ou de cabelo. Os vestígios de drogas podem permanecer no cabelo durante meses.
Se alguém for apanhado com pequenas quantidades de canábis na bagagem, pode ser punido com pena de até três anos de prisão. Grandes quantidades são puníveis com pena de morte.
Num dos casos mais mediáticos dos últimos anos, a polícia da cidade de Shenzhen, centro tecnológico e industrial do sul da China, deteve 50 estrangeiros por suspeita de consumo de droga.
O grupo fazia parte de um total de 491 pessoas sujeitas a análises à urina, após terem sido levados pela polícia quando se reuniam num aqueduto no norte de Shenzhen.
Um dos detidos era de nacionalidade portuguesa.
Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, a China confina com o “triângulo dourado” (Laos-Birmânia-Tailândia), onde se estima que exista uma área total de cultivo de papoila de 46.700 hectares.
A China faz também fronteira com a Ásia Central, uma fonte crescente das drogas aprendidas no país, indicou a Comissão Nacional de Controle de Narcóticos da China.
Considerada um “demónio social”, ao nível da prostituição, a droga está associada ao chamado de “século de humilhação nacional”, iniciado com a derrota da China na “Guerra do Ópio” (1839-42).
JPI // EJ
By Impala News / Lusa
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