Por que é que a inflação atinge mais os mais pobres?
Inflação e crise atingem de forma mais severa os bens e os serviços de primeira necessidade. Quem é mais pobre fica a perder mais.
A crise global da inflação, combinada com o crescimento económico medíocre e uma perspetiva nublada por incertezas, levou a uma queda nos salários reais em todo o mundo. A constatação vem plasmada num novo relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com o Relatório Global de Salários 2022-23, os salários mensais reais globais caíram, em média, 0,9% só neste ano. Trata-se do primeiro declínio nos ganhos reais em escala global no século XXI.
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“As múltiplas crises globais que enfrentamos levaram a uma queda dos salários reais. Colocou dezenas de milhões de trabalhadores numa situação terrível, pois enfrentam incertezas crescentes”, diz o diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, em comunicado. Houngbo acrescenta que “a desigualdade nos rendimentos e a pobreza aumentarão se o poder de compra dos mais mal pagos não for acautelado”.
Enquanto a inflação aumentou mais rapidamente nos países com ordenados mais elevados, originando quedas salariais reais acima da média na América do Norte (menos 3,2 por cento) e na União Europeia (menos 2,4 por cento), a OIT conclui que “os trabalhadores de baixo rendimento são desproporcionalmente afetados pelo aumento da inflação”. Como os que recebem salários mais baixos gastam uma parcela maior do rendimento disponível em bens e serviços essenciais, que geralmente sofrem maiores aumentos de preços do que os não essenciais, quem menos pode pagar sofre o impacto maior no custo de vida por causa do aumento dos preços.
“Devemos prestar atenção especial aos trabalhadores nas extremidades média e inferior da escala salarial”, diz Rosalia Vazquez-Alvarez, uma das autoras do relatório. “Lutar contra a deterioração dos salários reais pode ajudar a manter o crescimento económico. Que, por sua vez, pode ajudar a recuperar os níveis de emprego observados antes da pandemia. Esta pode ser uma forma eficaz de diminuir a probabilidade ou a profundidade das recessões em todos os países e regiões”, diz.
Statista
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