Médicos veterinários pedem alimentos para animais e abrem conta solidária
A Ordem dos Veterinários apelou à doação de palha e feno para os animais sobreviventes nas áreas dos incêndios do último fim-de-semana, considerando a situação como catastrófica e muito pior do que a verificada em Pedrógão Grande.
A Ordem dos Veterinários apelou hoje à doação de palha e feno para os animais sobreviventes nas áreas dos incêndios do último fim-de-semana, considerando a situação como catastrófica e muito pior do que a verificada em Pedrógão Grande.
De acordo com o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), Jorge Cid, à OMV têm chegado, através dos veterinários e entidades locais, inúmeros “apelos dramáticos de pessoas que perderam ‘n’ animais”, estimando que cerca de 80% dos produtores perderam animais naquela zona, sobretudo de pequenas explorações familiares.
“Aliás, desta vez há muitos mais animais mortos do que vivos. Contrariamente ao que aconteceu em Pedrógão, que havia muitos animais feridos queimados a precisar de apoio, neste momento há menos e há muitos mais mortos. Eu diria que são milhares de mortos. Então nas aves é catastrófico, porque a zona centro representa 60% da exploração de aves no nosso país e foi um setor altamente devastado, com pavilhões destruídos, milhares de aves mortas. É dramático e catastrófico”, afirmou.
A Ordem reativou o gabinete de crise criado na sequência da tragédia de Pedrógão e todos os veterinários e entidades que operam na zona afetada no passado fim-de-semana têm feito o reconhecimento das necessidades no terreno.
“Os produtores têm pedido se, por favor, podemos arranjar feno e palha para alimentar animais, porque não têm nada para comer. Temos conseguido arranjar água com alguma dificuldade, mas a parte alimentar tem sido muito difícil. Isto também tem a ver com a situação do país, que este ano também foi um ano que não foi fácil”, destacou, acrescentando que “a resposta das autoridades tem a burocracia comum a estas situações” e é preciso agir já.
Pedido de ajuda a Espanha
Jorge Cid realçou que na altura de Pedrógão ainda foi possível arranjar ‘stocks’ de palha e de feno, mas atualmente “muitos produtores já não têm e outros têm bens escassos” para alimentar os seus próprios animais.
“Está a ser muito difícil, nós estamos a ver que temos de recorrer a Espanha para comprar fenos e palha, e para isto é preciso dinheiro”, afirmou.
Hoje foram dois camiões com 40 toneladas de alimentação, com dinheiro disponibilizado pela OMV, para Oliveira do Hospital e para a Lousã, locais considerados prioritários.
“Se alguém tiver fenos e palhas, que nos contacte para nós dirigirmos para os locais que consideramos prioritários e da conta solidária a ver se conseguimos angariar algum dinheiro para que possamos adquirir a alimentação em falta para esses animais”, disse, realçando que a Ordem não pode continuar a fazer esta despesa.
A conta solidária para donativos canalizados para a compra de alimentos e de medicamentos para os animais atingidos tem o IBAN PT50 0033 0000 00132948492 05.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 41 mortos e cerca de 70 feridos (mais de uma dezena dos quais graves), além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
O Governo decretou três dias de luto nacional, entre terça-feira e quinta-feira.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 vítimas mortais e mais de 200 feridos.
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