Alex Skeel decidiu contar a sua história de forma a que outros homens, que passem pelo mesmo inferno que este viveu, ganhem coragem para se libertar da violência. Num documentário intitulado de Abused Bt My Girlfriend (em português, Abusado Pela Minha Namorada), Alex conta uma história traumatizante. “Só vais melhorar se falares sobre o assunto”, diz no documentário, da BBC, de forma a incentivar outros a saírem de casos de violência.

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Jordan Worth, a namorada abusadora, é descrita como alguém que veio do seio de uma família carinhosa. Tinha ótimas notas na escola e licenciou-se em Artes na Universidade de Hertfordshire, tendo em vista tornar-se professora. A jovem, de 22 anos, esteve sempre envolvida em projetos de voluntariado. Angariou dinheiro para animais abandonados e para crianças de África.

Quando se aproximou de Alex e iniciaram relação, a família da vítima estava longe de imaginar no que esta viria a tornar-se. Conheceram-se numa festa de amigos em 2012 (quando ambos tinham 16 anos) e rapidamente estreitaram relação. Alex “nunca tinha ligado a raparigas” e tanto os amigos como a família estavam encantados com Jordan. No documentário, Alex mostra uma tatuagem que tem com o nome dela. “Ela mostrou real interesse em mim”, diz. Os amigos afirmam que Jordan era “calada, tímida e amorosa”.

Rapidamente vão viver juntos e ela começa a controlar todos os aspetos da vida do companheiro. Reclamava da cor das camisas, dos sapatos, dos amigos… Depois de envergonhar uma amiga da família de Alex, por ciúmes, e de tirar-lhe o telemóvel, Alex deixa-a. Família e amigos respiram de alívio, mas estes voltam a encontrar-se quando ela revela estar grávida. Desconfiada, a sogra obrigou-a a fazer um teste de gravidez.

Um ano passado, Jordan envia uma mensagem à mãe de Alex, perguntando-lhe se ela queria conhecer o neto. Convencido de que a maternidade a tinha mudado, o pai da criança decidiu dar uma hipótese à relação em prol da família que acabava de se formar. A casa onde viviam no entanto, em Bedfordshire, escondia terrores que a família não imaginava.

Alex Skeel Espancado com martelo e deixado à fome

Controlando todos os aspetos da vida do companheiro, Worth impedia-o de falar com familiares e amigos. E começou a agredi-lo. Os espancamentos começaram a ser com martelos e objetos pesados, até as agressões envolverem água a ferver e facas de cozinha. Obrigou-o a dormir no chão durante nove meses e impedia-o de comer. Jordan mantinha-o em silêncio, ameaçando-o de atropelá-lo até à morte.

Alex diz que aguentou tudo em prol dos filhos, por temer que ela virasse as agressões para os pequenos. Nesta fase, Alex já não mantinha contacto com a família. A mãe não o viu durante dois anos. No documentário, vê-se o avô a mostrar a mensagem de aniversário que enviou ao neto. Como resposta, recebeu outra que pedia que este não o contactasse mais.

A mensagem foi enviada por Jordan, numa tentativa de manter a família afastada. Com o anúncio da segunda gravidez, Jordan decide arranjar trabalho. Pouco depois, ela obriga-o a desistir “porque não era bom o suficiente”. Nesta fase, Jordan entra na universidade. Obriga o namorado a acompanhá-la todos os dias, dizendo que se ele ficasse sozinho em casa ia a correr para os pais.

Alex e Jordan diziam ser ele a auto mutilar-se

Alex vê-se preso numa relação violenta, sem dinheiro e sem documentos. Jordan já tinha até comprado um detetor de mentiras, tal era o nível de controlo. Com o nascimento da segunda filha, o jovem achou que seria desta que ia ver mudanças no comportamento da namorada. “Durou apenas três dias”, recorda. O caso começa a receber atenção quando os vizinhos chamam a Polícia depois de ouvirem gritos de dor. Quando as autoridades chegaram, Alex e Jordan disseram ter sido ele a auto mutilar-se. “Havia sangue por todo o lado”, recorda um polícia, que relata ter encontrado uma faca de cortar pão no quarto.

O caso só tem uma reviravolta quando o polícia que o assistiu da primeira vez, Ed Finn, insiste no caso e regressa à casa do casal. Nesse dia, tenta levar Alex a confessar os maus-tratos, que ele nunca admite. O polícia não arreda pé e leva Alex a um hospital. É aí que os médicos lhe dizem que ele tem apenas 10 dias de vida. O mesmo agente regressa à casa onde as agressões aconteciam e prende Jordan. “Salvou-me a vida. Sentou-me no carro de patrulha e disse ‘eu sei o que está a passar-se. Não saímos daqui enquanto não me disser a verdade'”, recorda Alex.

A primeira mulher condenada por violência doméstica no Reino Unido

Alex acabou por mudar-se para casa dos pais, onde vive com os dois filhos. Recuperou os amigos de quem se afastara durante anos e diz no documentário que quando prenderam Jordan viveu o dia mais livre na vida. “Podia olhar por cima do ombro pela primeira vez em cinco anos sem me preocupar”, diz.

Jordan acabou por ser condenada a sete anos de prisão em abril de 2018, e está a dois anos de sair em liberdade. Admitiu comportamentos coercivos e controladores e tornou-se na primeira mulher condenada por violência doméstica no Reino Unido. Nos vídeos dos interrogatórios, mostra-se sempre preocupada com o namorado, diz que o ama e nega as acusações.

Afirma que ele andava “aborrecido” por terem tudo o que sempre quiseram e mesmo assim não serem felizes. Quando as autoridades lhe dizem que ele está feliz por estar de novo com a família, ela afirma não acreditar, uma vez que “ele dizia que odiava toda a gente”.

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