Como a pressão da imagem perfeita nas redes sociais interfere na saúde mental
A aceitação do corpo é uma questão fundamental não só para a saúde física, mas também para a saúde mental das pessoas. Contudo, as redes sociais estão cada vez mais ligadas à opressão da imagem idealizada.
O mês de maio recorda a importância da consciencialização dos problemas da saúde mental. Como tal, conversámos com o Dr. Alberto Lopes, neuropsicólogo/hipnoterapeuta e com a Dra. Cátia Costa Lopes – Licenciada em Psicologia. O tema das redes sociais e da opressão da imagem idealizada é cada vez mais falado, mas como ter mão neste problema?
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Aceites por nós e pelos outros
Se pensarmos que a imagem idealizada é um dos meios usados por todos nós, no intuito de ser aceites pelos outros e essa idealização traz complicações vivenciais terríveis como a anorexia e bulimia nervosa. Assumimos uma imagem irrealista sendo oprimidos por ela.
Sabemos que a autoimagem e a aceitação do corpo são questões fundamentais para a saúde mental e física das pessoas. No entanto, são muitas que lutam diariamente para aceitar o seu corpo e são influenciadas pela imagem corporal imposta pela média e pela sociedade em geral. Essa pressão social pode levar a perturbações de autoimagem, como a dismorfia corporal – uma perturbação psicológica que tem como base uma preocupação excessiva com o corpo, ou falhas percebidas na aparência física que não são observáveis ou parecem ligeiros aos outros. Esta preocupação causa mal-estar clinicamente significativo, gerando ansiedade, tensão desamparo e hipersensibilidade à crítica, sentimentos de culpa, autodepreciação e desvalorização pessoal.
Este tipo de pessoas usualmente, julgam a autoestima com base na forma corporal, sobrevalorizando pequenas imperfeições ou imaginando-as de forma negativa. E isso tem um impacto significativo na autoestima, assim como pode afetar o individuo em termos pessoais e profissionais.
A imagem corporal idealizada é irrealista
É realmente muito importante que as pessoas entendam que a imagem corporal idealizada pela média é irrealista e, sejamos francos, inalcançável para a maioria das pessoas. A pressão para se adequar a essa imagem idealizada pode levar a dietas extremas e perigosas – as dietas ioiô-, como a restrição calórica excessiva e o uso de laxantes ou diuréticos, que podem ter efeitos colaterais graves para a saúde física e mental.
Vivemos numa sociedade de equívocos, a busca da imagem idealizada – a selfie perfeita, imposta pelos média, redes sociais e também pelo mundo da moda, levam a uma busca pelas famosas “dietas da moda”. São regimes alimentares quase sempre irrealista e que prometem resultados rápidos na perda de peso, mas geralmente carecem de evidências científicas sólidas, ou são apenas mitos sem evidências que as sustentam.
Essas dietas muitas vezes envolvem a eliminação radical de grupos alimentares ou nutrientes essenciais, o que pode levar a deficiências nutricionais e a outros problemas de saúde levando a picos de ansiedade extrema e a sentimentos de culpa autodirigida com grande impacto na autoimagem. Muitas vezes, essas dietas podem desencadear comportamentos alimentares desordenados, como compulsão alimentar e restrição alimentar excessiva, resultando em perturbações alimentares graves, como anorexia e bulimia nervosa.
Aposte numa dieta alimentar saudável
Se pensarmos que “cada caso é um caso”, uma dieta alimentar saudável deve ser essencialmente funcional e adaptada a cada indivíduo. Mas sobretudo adaptada às necessidades individuais do corpo de cada um. Naturalmente, considerando as especificidades biológicas, fisiológicas e sociais de cada pessoa.
As chamadas “dietas da moda” que impõem regras específicas e rígidas, com alimentos proibidos ou permitidos em tempos determinados, ignoram as necessidades individuais do organismo e tratam o corpo como um padrão universal. Essa abordagem generalizada pode levar a complicações nutricionais e problemas de saúde, uma vez que as necessidades nutricionais variam entre os indivíduos. Recordo que a alimentação deve ser vista como uma abordagem holística, levando em consideração não apenas a nutrição, mas também o bem-estar mental e social do indivíduo por forma que a sua autoimagem, seja fortalecida dentro de um padrão saudável e equilibrado.
” A pressão social e as dietas da moda fazem com que se passe de um desequilíbrio para outro”
Para ajudar as pessoas a lidar com a pressão social em relação à imagem corporal, é importante que elas desenvolvam uma autoimagem positiva e aprendam a aceitar os seus corpos como eles são. O principal objetivo de uma dieta equilibrada é a de devolver a estabilidade, mas fazê-lo de forma realista. Mas a pressão social e as dietas da moda fazem com que se passe de um desequilíbrio para outro. Por outras palavras, tenho para mim que uma dieta que resulta é sempre aquela que traduz um final feliz, em termos emocionais e físicos. Os profissionais de saúde, como nutricionistas, psicólogos e coaches de imagem, podem desempenhar um papel importante na promoção de uma autoimagem positiva e na prevenção de transtornos alimentares.
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Pessoalmente, recomendo uma abordagem multidisciplinar como ao uso de orientação nutricional, hipnose clínica e o coaching simultaneamente, podem ser ferramentas valiosas na promoção de uma autoimagem positiva e na prevenção de transtornos alimentares. A hipnose clínica, por exemplo, é uma abordagem natural, inócua e não invasiva que pode ajudar as pessoas a superar as distorções cognitivas, obstáculos mentais e bloqueios emocionais que possam estar afetando a sua relação com a comida e com a imagem do seu corpo. São abordagens que ajudam a entender que um corpo saudável é mais importante do que um corpo magro.
Em resumo, a autoimagem e a aceitação do corpo são questões fundamentais para a saúde mental e física das pessoas. É importante ensinarem as pessoas que aprendam a valorizar os seus pontos fortes, as suas realizações pessoais, em vez de apenas a sua aparência física No caso dos transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia nervosa, são doenças graves, mas que podem ser prevenidas com a ajuda de especialistas e profissionais de saúde e uma mudança na cultura e na média que promove uma imagem corporal saudável e realista.
Entrevista: Maria Constança Castanheira
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