Saltos mortais e piruetas várias na Taça do Mundo de Parkour
Mais de 100 atletas de 27 países disputam até domingo, em Coimbra, a Taça do Mundo de Parkour, desporto onde os atletas cumprem um percurso de obstáculos no mais curto espaço de tempo ou com destreza e criatividade.
De cima de um bloco com mais de dois metros de altura, instalado no Parque Verde de Coimbra, a dois passos do rio Mondego, um jovem francês ensaia uma pirueta quádrupla (que terminou com uma queda aparatosa) na categoria de ‘freestyle’.
Ainda mal refeito da queda, pede ao júri uma repetição — pode fazê-lo uma vez — do seu exercício, que tem um mínimo de 20 segundos de piruetas, saltos técnicos e escalada de paredes para ser efetuado.
É fácil, para quem está de fora, impressionar-se com a destreza dos ‘traceurs’ — nome dado aos atletas de parkour, masculinos e femininos, que não gostam de ser chamados de ginastas, embora, em Portugal a modalidade esteja integrada na Federação Portuguesa de Ginástica. Algumas das manobras executadas (apelidadas de truques) são semelhantes às das disciplinas da ginástica, concretamente as que envolvem equipamentos, mas uma das diferenças é que no final está o chão, duro, e não um qualquer colchão de amortecimento.
Em cada etapa da Taça do Mundo os percursos são diferentes e o de Coimbra, classificado como bastante exigente, inclui blocos com cerca de 2,5 metros de altura, à mistura com barras horizontais e outros obstáculos, numa extensão total de pouco mais de 80 metros, ida e volta, para os atletas da categoria de ‘speed’, em que o que interessa é ser o mais rápido a concluir a prova.
“Na categoria de ‘speed’ o que interessa é a velocidade com que se percorre o percurso, com alguns ‘checkpoints’ onde eles têm de cumprir com requisitos indicados no início da prova. No ‘freestyle’ são avaliados pelos três melhores truques e classificados mediante a execução e a dificuldade dos mesmos”, disse à agência Lusa Rui Sousa, treinador da seleção nacional de parkour e elemento da secção de ginástica da Associação Académica de Coimbra (AAC), responsável pela organização.
O parkour competitivo utiliza, assim, obstáculos criados especificamente para o efeito, diversos do chamado parkour de rua, que nasceu por entre telhados, muros e paredes de Paris, e cujos puristas continuam a defender contrapondo ao que classificam como uma nova disciplina da ginástica.
Rui Sousa recusa que a modalidade seja ginástica — “não é”, vincou – e defendeu a sua existência em ambientes mais controlados, até para poder ser praticada por novos atletas, vários deles muito jovens, que não têm à-vontade para começar na rua.
“E este tipo de obstáculos é excelente e dá para fazer muita coisa. Dá para nos divertirmos, na rua na mesma, mas num ambiente mais controlado, em que mesmo os que não têm tanta habilidade conseguem treinar”, frisou o técnico nacional.
A modalidade, que está em evolução em Portugal, quando comparada com o que se passa em outros países, onde existem seleções muito fortes — como a Suécia, Países Baixos, EUA ou França, mas também com atletas em ascensão do México, Japão, Grécia ou Jordânia –, todas presentes em Coimbra.
E, a avaliar pelas palavras de Rui Sousa, atrai cada vez mais praticantes, especialmente os mais jovens: “Não temos propriamente uma idade limite. Se alguém aparecer com 30 anos e quiser experimentar pode experimentar, e, se gostar, está convidado a ficar. A mesma coisa para os mais pequenos, são os que têm mais interesse, à partida, nem que seja pela novidade”, revelou.
Já os mais velhos, nomeadamente aqueles que têm experiência de ginástica, “tem um bocadinho mais de medo, naturalmente, [pela possibilidade de lesões], o que também sucede com atletas com experiência de outros desportos”.
“Às vezes têm esse receio das quedas, porque não estão habituados a cair, e outras vezes adaptam-se bem e adoram a disciplina, adoram experimentar”, enfatizou Rui Sousa.
A seleção nacional de Parkour presente em Coimbra tem três atletas em competição: nos homens, um dos mais experientes é Bernardo Coelho (Ateneu de Leiria), mais atreito ao ‘freestyle’ e à componente das barras, enquanto Paulo Rodrigues (AAC) apenas participa na categoria de ‘speed’.
Nas raparigas, Carolina Lucas (AAC), uma das atletas mais promissoras, acabou por sofrer uma lesão antes da Taça do Mundo e não participa na competição, ficando a representação portuguesa a cargo de uma estreante, Filipa Menezes, 18 anos, do Ateneu de Leiria.
Hoje decorreram provas de qualificação sempre ao som de música rock, metal e hip-hop dos Limp Bizkit aos Linkin Park, passando por Run-DMC, The Prodigy, Alien Ant Farm, Sum 41 ou The Offspring, entre outros, embora os atletas não escolham as músicas com que competem, ficando essa decisão reservada à organização.
No sábado e no domingo decorrem as meias-finais e finais de ambas as categorias em masculinos e femininos, no recinto instalado junto à ponte pedonal, na margem direita do rio Mondego.
*** Por José Luís Sousa (texto) e Paulo Novais (fotos), da agência Lusa ***
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By Impala News / Lusa
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