Cardeal António Marto “implora” pelo fim da “guerra criminosa” na Ucrânia
O cardeal António Marto, administrador apostólico da diocese de Leiria-Fátima, condenou esta manhã a “guerra trágica e criminosa” na Ucrânia e “implorou” pelo seu fim, durante uma homília no Santuário de Fátima.
“Imploramos o fim de uma guerra trágica e criminosa” , afirmou António Marto, pedindo um cessar-fogo imediato para que a capital ucrâniana, Kiev, seja “uma cidade aberta”, disse. O administrador apostólico junta-se ao Papa Francisco e à Comunidade de Santo Egídio na oração por um “cessar-fogo imediato” e renova o convite a fazer do dia 2 de março, um dia de oração e jejum pela paz na Ucrânia, refere uma nota do Santuário. “Do nosso Santuário manifestamos toda a nossa solidariedade com o povo da Ucrânia que sofre este terrível flagelo, destruidor de um povo. Associamo-nos, desde já com a nossa oração, ao manifesto da Comunidade de Sant’Egídio com a sua proposta de chegar a um imediato cessar-fogo e de proclamar, com urgência, a capital Kiev como ‘cidade aberta’ para salvar três milhões de pessoas e a riqueza do seu património cultural e cristão”, afirmou o cardeal português na homília da missa a que presidiu, este domingo, na Basílica da Santíssima Trindade.
Esta semana a Ucrânia esteve presente nas celebrações do Santuário. Na quinta-feira, dia em que a Rússia invadiu o país, rezou-se o Terço em ucraniano com a comunidade de monges basilianos que vivem e colaboram no Santuário de Fátima, informa o comunicado. Desde segunda-feira que o Santuário tem uma corrente de oração na recitação do rosário às 12:00, 18:30 e 21:30, correspondendo exatamente a um pedido de António Marto feito no passado domingo. Acresce à oração, o envio de um apoio financeiro para a ajuda humanitária ao povo ucraniano, através da Cáritas portuguesa.
Partindo da passagem do Evangelho lida nas celebrações deste domingo, nas igrejas de todo o mundo, o cardeal alertou para a tentação de uma atenção particular “aos defeitos dos outros”, negligenciando os próprios. “Quando vemos os defeitos dos outros à lupa, fazemos da cabeça dum alfinete a cabeça dum gigante e facilmente nos consideramos superiores aos outros e caímos na hipocrisia”, afirmou o cardeal, lamentando que sejamos “bons connosco e severos com os outros”. “(…)Naturalmente, é de condenar os erros. Mas que a pessoa que erra saiba que, apesar dos seus erros, há alguém que a acolhe e ajuda a recuperar e a refazer a sua vida e abre caminhos de esperança”, disse, ao sublinhar que, de contrário, “potenciam-se a agressividade, os ódios, as discórdias, a violência”.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia. O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário. O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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