Vítima escreve nome do assassino com o próprio sangue antes de morrer

Foram precisos mais de 40 anos para que o assassino de Loretta Jones, Tom Egley, fosse descoberto. Crime foi de extrema violência e foi a filha da vítima – de apenas quatro anos – que deu o alerta.

Vítima escreve nome do assassino com o próprio sangue antes de morrer

Foi em julho de 1970 que Loretta Jones foi brutalmente assassinada, com recurso a várias facadas. Foi encontrada sem vida pela filha, de apenas quatro anos, na sala de estar.

“Quando me levantei, olhei pelo fechadura e quando abri a porta da sala havia sangue por todo o lado. E ali estava o corpo da minha mãe, sem vida. Foi assustador”, recorda Heidi Jones Asay.

A criança correu para a rua e encontrou um vizinho que, de imediato, chamou a polícia. As autoridades confirmar o óbito de Loretta Jones, de apenas 23 anos de idade. Para além da quantidade de sangue, os inspetores notaram que não havia sinal de entrada forçada, o que sugere que a vítima conhecia o agressor. Para além das “17 facadas”, a mulher foi também abusada sexualmente, tendo sido recolhida uma amostra de sémen.

Apesar disso, e como o teste de ADN ainda estava nos seus primórdios na década de 70, não foi possível encontrar qualquer correspondência. Ainda assim, nesse mesmo dia foi reportada uma tentativa de sequestro de uma criança de dez anos nas proximidades da casa de Loretta, situação muito incomum naquele bairro.

A principal pista para a possível identificação do assassino, surgiu da filha de Loretta. Heidi lembra que alguns dias ouviu um homem a ameaçar a mãe, tendo identificado o suspeito pelo nome de Tom, um amigo da vítima. As autoridades vasculharam o diário de Loretta e encontraram uma página com referência a um Tom, mais especificamente a Tom Egley. Mais tarde foi percetível que ambos teriam tido um breve relacionamento de apenas dois meses.

O principal suspeitou passou então a ser este homem. Foi identificando e quando questionado sobre um possível envolvimento no assassinato, recusou liminarmente, alegando que passou o dia a beber e a comer. Versão parcialmente confirmada pelo dono de um bar onde Egley este presente, mas acrescentou um pormenor importante: a camisa tinha várias manchas vermelhas.

O homem foi detido e levado para interrogatório. Kulow Fennel, a criança vítima de tentativa de rapto, foi chamada e identificou Tom Egley como o homem que a tentou sequestrar. Foi condenado a 90 dias de prisão pelo crime de tentativa de sequestro. Apesar de várias buscas à residência, a polícia não encontrou nada que o ligasse ao assassinato de Loretta.

Várias décadas depois o caso voltou a ser falado

Várias décadas depois, foi já em 2009 que o caso voltou novamente a ser falado. Heidi Jones conseguiu entrar em contacto com um antigo colega, Brewer, e contou-lhe sobre o assassinato ainda por resolver da mãe. O homem ficou interessado, mas consciente de que seria extremamente difícil conseguir encontrar algo que indicasse novas pistas.

Foi então que conseguiu entrar em contacto com a namorada – à data do crime – de Egley que revelou detalhes extremamente suspeitos. Explicou que na noite da morte de Loretta, Tom voltou para casa já quase de madrugada e que imediatamente tomou banho, com a roupa vestida. Para além disso, disse ainda que no dia seguinte ele foi à lavandaria e voltou sem várias das peças que havia levado consigo. Apesar de Brewer ter a certeza de que tinha encontrado o assassino, tal como a polícia, faltavam evidências físicas que o ligassem ao crime.

No início de 2016, e após vários anos sem encontrar provas, Brewer decidiu que era altura da derradeira tentativa: exumar o corpo de Loretta e esperar que fosse encontrado algum detalhe que não tenha sido visto na altura da autópsia. “Se houver apenas 1% de hipótese de encontrarmos provas físicas, é um esforço que valerá a pena”, disse Wally Hendricks, detetive do Condado de Carbon.

Apesar da tentativa, a verdade é que o corpo e o próprio caixão estavam profundamente deteriorados, não sendo possível recuperar qualquer prova. Apesar disso, a publicidade em redor da exumação do corpo levou a desenvolvimentos que se revelaram fundamentais. Linda, que chegou a morar com a família de da vítima quando ambas eram estudantes universitárias, disse à polícia que Loretta escreveu o nome do assassino com sangue antes de morrer. Inicialmente, esta pista foi descartada pelas autoridades, mas Brewer indiciou que, efetivamente, ao analisar a única foto existente da cena do crime, era possível ver-se claramente um “T” e um “O” numa longa mancha de sangue.

Carter, atual vizinha e amiga de Egley, tomou conhecimento de todas estas evidências e prontificou-se a tentar obter uma confissão do homem. Após várias semanas, o esquema resultou. Egley finalmente confessou ter esfaqueado Loretta até a morte, mas alegou que fizeram sexual consensual. Não só conseguiu a confissão, como conseguiu que o homicida se entregasse à polícia.

Em agosto de 2016, 46 anos após o assassinato de Loretta, Egley foi preso. Fez um acordo judicial e teve a acusação de violação retirada em troca de se declarar culpado do assassinato de Loretta Jones. Em outubro de 2016, foi considerado culpado de homicídio e condenado a uma pena que pode ir de 10 anos até prisão perpétua.

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