Portugal espera que novo governo italiano respeite compromissos europeus

Augusto Santos Silva manifestou o desejo de que o governo italiano respeite os valores europeus, porém, a leitura dos resultados «não é simples»

Portugal espera que novo governo italiano respeite compromissos europeus

O chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, manifestou hoje o desejo de que o próximo governo italiano “respeite os valores e os compromissos europeus”, reconhecendo, porém, que “a leitura” dos resultados das eleições legislativas “não é simples”.

“Os assuntos internos de Itália não dizem respeito ao ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, naturalmente, mas os assuntos europeus dizem, portanto o que desejo é que o próximo governo a formar em Itália seja um governo que respeite os valores e os compromissos europeus, porque a UE – e dentro dela, a Zona Euro – precisam muito da Itália. A Itália saberá estar à altura dessa nossa necessidade”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

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Santos Silva, que falava à margem de uma conferência na Fundação Gulbenkian sobre o “Futuro da Democracia na Europa, comentava assim os resultados das eleições legislativas de domingo em Itália, nas quais o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista), foi o partido mais votado, com mais de 32% dos votos. No entanto, uma coligação de centro-direita que integra uma formação eurocética e anti-imigração pode vir a formar governo.

O candidato da Liga (extrema-direita) nas eleições de Itália, Matteo Salvini, afirmou hoje que a coligação de direita que partilha com outros partidos tem “o direito e o dever de governar” e reivindicou a direção do executivo.

Salvini disse que os resultados indicam que a coligação de direita vai liderar o próximo Governo e que o seu partido deve presidir o executivo, após ultrapassar o seu parceiro de coligação Forza Italia, de Silvio Berlusconi, nas eleições de domingo.

“São resultados muito complexos, a leitura não é simples. Mas estou certo de que as instituições italianas, os partidos políticos italianos saberão interpretá-los e agir de forma a respeitá-los e a constituir um governo que seja estável”, comentou o ministro português.

“Vamos ver. Os resultados eleitorais nos últimos tempos não têm sido simples, a interpretação não tem sido simples. Portanto, os países vão adquirindo treino suficiente para interpretar os sinais, por vezes contraditórios, para encontrar soluções de estabilidade política, que ao mesmo tempo respeitem a vontade do eleitorado, mas que respeitem também os compromissos que os Estados-membros da UE, entre si, assumiram.

Segundo os resultados parciais das eleições legislativas, quando estão contados dois terços dos boletins, a coligação formada pela Força Itália, de Silvio Berlusconi, a Liga e o pequeno partido Irmãos de Itália obteve cerca de 37% dos votos.

Na coligação, é a Liga, de Matteo Salvini, formação eurocética e anti-imigração, aliada de Marine Le Pen (do partido de extrema-direita francês Frente Nacional) na Europa, que ocupa a liderança da corrida eleitoral.

A Liga passou de 5% dos votos nas eleições de há cinco anos para quase 18% no domingo, enquanto a Força Itália terá reunido 14%.

 

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