Latas de atum com alarme? Tecnologia que deteta furtos em tempo real já chegou a Portugal

Num momento em que os furtos estão a aumentar, obrigando os supermercados a colocar alarmes em latas de atum, lembramos-lhe que há um tecnologia que deteta furtos em tempo real que já chegou a Portugal.

Vários supermercados estão a colocar alarmes em produtos alimentares, inclusive em latas de atum. A notícia é avançada pelo semanário Expresso, que cita o diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) garantindo que a medida se deve ao aumento dos furtos “É um fenómeno que está a subir bastante, sobretudo desde o início de setembro e em particular nos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto”, diz Gonçalo Lobo Xavier.

A Veesion, fundada em 2018, é uma “empresa francesa de inteligência artificial que desenvolve produtos na área da segurança“, começa por explicar ao Portal de Notícias, o representante da marca em Portugal, João Madeira. “Nasceu de um grupo de estudantes que, a partir de uma tese de universidade, conseguiu desenvolver uma solução adaptada às câmaras de CCTV [videovigilância] existentes e que conseguisse identificar comportamentos considerados suspeitos“. A grande vantagem prende-se com o facto de utilizar algo que já existe. O software analisa e lê as imagens das câmaras de videovigilância espalhadas pelas lojas. A nível mundial, já preveniu perto de 200 mil furtos só nos últimos dois anos.

“Identifica todas as pessoas que estão no interior [da loja]. Assim que são identificados comportamentos suspeitos, o software faz uma comunicação em tempo real, recorta um breve vídeo – de 5 a 10 segundos – dessa movimentação e envia-o para a loja para ser analisado”, assinala. No fundo, “Aquilo com que nos comprometemos é identificar os comportamentos fora do normal. E aqui a taxa é elevadíssima”, regista.

A decisão final cabe sempre ao responsável do estabelecimento “que, ao olhar para as imagens, vai decidir se é furto ou não”. A operar no nosso país desde fevereiro, são já 50 os espaços comerciais que aderiram a este sistema de segurança, entre eles joalharias e farmácias e superfícies como Intermarché, Mini Preço, Amanhecer, SPAR, Coviran e Aqui é Fresco.

“O ladrão é muito criativo”

Tecnologia que deteta furtos em tempo real já chegou a Portugal
Mais de 95% dos furtos não são detetados quando utilizadas soluções tradicionais

Segundo João Madeira, mais de 95% dos furtos não são detetados quando utilizadas soluções tradicionais, como alarmes, segurança em loja e sistema de videovigilância. A Veesion “vai permitir apanhar pelo menos mais 70% de furtos”, acrescenta. Para além de fácil implementação, explica que esta é uma tecnologia que “está em constante aprendizagem”. Além disso, adapta-se ao contexto de cada loja, já que o “comportamento de cada cliente difere – por exemplo – de lojas de tecnologia para supermercados”, exemplifica.

“Cada vez que um cliente pega num produto que está na prateleira e o coloca num bolso, nas calças, num casaco, na mala ou mesmo quando lhe retira a etiqueta – e o ladrão é muito criativo – é tudo detetado. Permite identificar tudo aquilo que são movimentações suspeitas.” Os custos associados à implementação e manutenção depende de vários fatores, como tamanho da loja ou número de câmaras. “É uma equação muito personalizada a cada cliente”, diz.

Questionado sobre possíveis implicações relacionadas com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, o representante da Veesion é taxativo. “A nossa tecnologia identifica apenas os seres humanos que entram no estabelecimento. Não identifica raça, sexo, género, idade ou tamanho. Estamos completamente à vontade e em conformidade com a lei.”

Objetivos

Tecnologia que deteta furtos em tempo real já chegou a Portugal
João Madeira, representante da Veesion

“Temos três estratégias. A de curto prazo consiste em fazer uma abordagem aos clientes franquiados e a donos de loja. É muito mais fácil fazer uma abordagem a esses clientes, fazer uma negociação e ganhar imediatamente esse cliente. A segunda estratégia, a médio-longo prazo vai ajudar-nos a alastrar o mercado a nível nacional para os grandes clientes.” Além disso, a terceira estratégia passa por, “a partir de Portugal, chegar aos PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa”.

Reportagem: Tomás Cascão
Fotos: Tito Calado
Imagem e edição vídeo: Fábio Lopes

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