Poluição no Tejo: Entidades responsáveis acusadas de ‘fecharem os olhos’ a catástrofe ambiental

Nos últimos tempos muito se tem ouvido falar da poluição no rio Tejo. Nesta reportagem poderá ver e ler o que falta ser dito.

Rio Tejo. Um rio que já foi para muitos uma fonte de rendimento e para outros é a memória de uma infância feliz nas suas margens.

Depois das imagens que foram amplamente divulgadas no dia 24 de janeiro de 2018 por Arlindo Marques, já não há como negar. O rio já não é o mesmo.

O «guardião do tempo», assim é conhecido o homem que trouxe a público a poluição no Tejo. O amor que tem ao rio fizeram dele um «vigilante» e ninguém é capaz de negar a forma como tudo o tem afetado.

Desde que tornou pública a poluição no Tejo e mencionou a fábrica de celuloses de Vila Velha de Ródão que viu a sua vida virada do avesso. Arlindo não queria acreditar quando viu que a Celtejo lhe tinha instaurado um processo em que exigia 250 mil euros «por danos atentatórios do seu bom nome».

O processo gerou uma revolta nos pescadores e medo àqueles que queriam denunciar a fábrica.

A poluição viria de duas principais fábricas, a Celtejo e a Centroliva, que sempre tiveram tratamentos diferentes por parte da Agência Portuguesa do Ambiente. No caso da Centroliva foram tomadas várias medidas para que a fábrica não poluísse o rio como tinha vindo a acontecer.

Já no caso da Celtejo não houve sanções mas sim medidas que beneficiavam a empresa.

A empresa de celuloses obteve uma licença que lhe permitia poluir uma fonte de água (Rio Tejo), no limite de 0.9 CB05/tSA. Essa licença foi emitida com uma validade de 01/01/15 até 31/12/16, cabendo à APA a fiscalização do seu exercício.

Nesse período, a Celtejo excedeu, por diversas vezes, os limites impostos pela licença. Este facto deveria determinar a aplicação de alguma sanção jurídica à Celtejo, normalmente a aplicação de uma coima. No entanto, não parece ter sido o caso, apesar da existência de documentos que provam que a empresa poluiu em excesso.

No dia 1 de janeiro de 2017, foi emitida uma nova licença, com validade até dia 18/12/2018, que previa uma autorização especial de emissão de CB05/tSA de 2.5 até à abertura de uma nova ETARI (18/12/2018) e de uma nova caldeira de recuperação.

Para os pescadores esta decisão da APA foi «legalizar a poluição deles» e a revolta aumentou.

Como consequência do aumento de produção da fábrica, aumentou-se também a poluição. Nem a ETAR nem a caldeira de recuperação da empresa têm capacidade para tratar de tudo acabando por ir parar ao rio.

Para as pessoas da terra, tendo em conta que a empresa é boa para a economia do país, «a economia passou à frente do ambiente» e as entidades responsáveis fecharam os olhos ao problema.

Esta é uma opinião unânime entre pescadores, Quercus e ProTejo.

Esta segunda-feira, dia 5 de fevereiro, a APA deverá emitir um relatório com os responsáveis pela poluição.

Até agora, a agência confirmou que 90% da poluição pertencia à empresa de celuloses de Vila Velha de Ródão, porém pouco mencionou o nome da empresa.

A ProTejo tem vindo a denunciar o problema nos últimos três anos mas o problema manteve-se pois as entidades responsáveis pouco fizeram.

O ministro do ambiente chegou mesmo a negar que houvesse um problema alegando que a espuma se devia às águas que vêm de Espanha e da seca.

Nenhuma das pessoas presentes na reportagem concordou com essa teoria.

O Ministério Público já abriu inquérito para averiguar responsabilidades.

Veja a reportagem «Tejo doente» e saiba o que ficou por dizer.

 

Texto: Marta Ferreira;  Imagens e edição: João Rui Silva

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