A vida na casa das gémeas antes de terem matado recém-nascida à facada

Rafaela Cupertino matou a filha recém-nascida com a ajuda da gémea, Inês. O Portal de Notícias esteve em Corroios, onde vizinhos e conhecidos das irmãs garantem que «nada previa a tragédia»

Rafaela Cupertino, de 27 anos, foi condenada a 18 anos e três meses de prisão e a irmã, Inês Cupertino, a 15 anos e três meses, pelo Tribunal de Almada esta terça-feira, dia 26 março por terem, em conluio, matado uma recém-nascida que Rafaela deu à luz em casa.  Passado quase um ano desde a noite do crime – dia 9 de abril – em Corroios, no bairro de Santa Marta do Pinhal, o caso ainda é discutido à mesa do café. Ao nosso site, vários vizinhos que conheciam as gémeas –mas que preferem permanecer em anonimato –  garantem que «nada previa» que Rafaela, mãe de dois filhos gémeos de dois anos, matasse a filha recém-nascida com três facadas.

De acordo com declarações prestadas, as gémeas eram, desde «pequeninas», «calmas e sossegadas». Cresceram naquele bairro e eram conhecidas porque a mãe teve uma Loja dos trezentos – espaços comerciais que surgiram nos anos 90 e vendiam artigos a 300 escudos ou mais baratos- onde as meninas estavam muitas vezes a ajudar a mãe. «Eram muito bem comportadas. Lembro-me que elas deviam ter cerca de sete anos e ajudavam a mãe na loja a arrumar prateleiras. Foram meninas criadas sempre com o carinho dos pais», recorda uma vizinha e cliente do antigo estabelecimento da progenitora de Rafaela e Inês.

Com a separação dos pais, as irmãs Cupertino, menores na altura, ficaram a viver apenas com a mãe na casa de família, que foi atribuída à progenitora no término do processo de divórcio. Durante uns anos, sobretudo na adolescência, poucos moradores têm memória de ter visto as irmãs pelo bairro. No entanto, com a chegada dos filhos gémeos de Rafaela, as irmãs retornaram a frequentar os serviços, lojas e cafés que servem aquela zona do Seixal.

Tal como quando eram pequenas, as gémeas Cupertino continuavam a andar sempre juntas, unidas por uma «amizade e ligação forte evidente», segundo contam os moradores de Santa Marta do Pinhal ao nosso site. Se eram descritas como calmas e tranquilas enquanto menores, agora adultas o mesmo perfil manteve-se.

«Estavam sempre juntas com os meninos [filhos de Rafaela]. Pareciam, como sempre, calmas e reservadas.»

Aos 25 anos, as irmãs moravam juntas com os dois gémeos e com o pai dos meninos e namorado de Rafaela, Diogo Bastos. A residência onde ambas cresceram passou a ser a casa da família de três adultos e duas crianças. Contudo, a descrição de mulheres pacificas e comedidas não corresponde com a agitação que se passou naquele apartamento meses antes do infanticídio ter ocorrido.

«Era ‘rebaldaria’ naquela casa todas as noites»

De acordo com vários vizinhos das Cupertino, na casa das gémeas «estavam sempre a entrar e sair pessoas» e ouvia-se «muito barulho». Por diversas vezes, um dos moradores do prédio viu-se obrigado a ir tocar à campainha do apartamento para as advertir. «Era rebaldaria naquela casa todas as noites. Gritos, barulho e coisas a partirem. Pareciam discussões entre ele [Diogo] e ela [Rafaela]», conta a fonte. Segundo outra vizinha que também confirma «a berraria» e o «barulho de coisas a partir», o pai dos meninos também «estava sempre a entrar e a sair» do apartamento. «A verdade, é que isto agora é um sossego», acrescenta.

De acordo com as declarações prestadas por Rafaela durante o julgamento, a arguida não queria um terceiro filho da relação conturbada que mantinha com Diogo. A homicida terá conseguido esconder a gravidez de todos, incluindo do próprio namorado, que acusou de a ter agredido «psicológica e fisicamente». Antes de ter dado à luz a filha que iria matar, Rafaela tinha estado, menos de 24 horas antes, numa festa de música electrónica em Fronteira, no Alentejo, juntamente com o Diogo. Segundo este, a agora condenada consumiu estupefacientes e ingeriu bebidas alcoólicas.

Hoje, nenhum membro da família Cupertino é visto nas ruas daquele bairro de Corroios. A mãe das condenadas, detidas no Estabelecimento Prisional de Tires, foi vista uma única vez, depois da acusação, no supermercado com «um ar destroçado». Ao que tudo indica, apenas ficou o apartamento vazio e a memória de um caso que «ninguém previa».

Diogo, o pai dos meninos, vive atualmente num quarto alugado em Almada, estando autorizado a ver os filhos apenas três horas por semana e as visitas têm de ser supervisionadas. A guarda das crianças ficou entregue ao avô materno.

Texto: Mafalda Tello Silva   Fotos: Tito Calado

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