Não ganhando, o vencedor das eleições Europeias foi Luís Montenegro
Não ganhando, o vencedor da noite eleitoral foi Luís Montenegro, que ganha tempo e espaço político para afirmar a sua liderança como Primeiro-Ministro e do seu Governo.
Com os resultados das eleições Europeias, o governo de Luís Montenegro garantiu, pelo menos, mais dois anos de vida, que serão fundamentais para a estabilidade política do País, bem como para a execução do PRR e para a implementação das reformas na saúde, na justiça, na habitação, na educação ou na fiscalidade para pessoas e empresas.
O Partido Socialista venceu as eleições, mas o resultado foi poucochinho para Pedro Nuno Santos poder sonhar com a apresentação de uma moção de censura ao Governo ou chumbar o próximo Orçamento de Estado. A escolha de Marta Temido mostrou-se uma opção acertada que a coloca agora como a candidata do PS melhor colocada para derrotar Carlos Moedas nas próximas autárquicas, em Lisboa.
A Aliança Democrática não ganhou, mas fez um bom resultado. O resultado poderia ter sido bem melhor se o candidato tivesse sido Pedro Passos Coelho, Leonor Beleza ou Luís Filipe Menezes, mas a aposta foi em Bugalho, que mostrou ser ainda Bugalhito, ou seja, poucochito para uma eleição desta natureza.
O resultado do Chega ficou muito aquém do que almejava André Ventura. A escolha do embaixador António Tânger Corrêa foi um erro de casting. Uma campanha eleitoral não é definitivamente a sua praia e Rita Matias, a jovem aguerrida deputada do Chega, teria conseguido um resultado muito melhor. Agora será o tempo para Ventura parar e repensar a sua estratégia política, que o obrigará, nos próximos tempos, a colocar fora do seu radar político qualquer tentativa que tenha em vista a promoção da queda do governo.
A Iniciativa Liberal fez um bom resultado com João Cotrim Figueiredo, mas Rui Rocha não quererá arriscar uma eleição no País tão cedo. O líder da IL conhece as suas limitações políticas e vai optar por sedimentar a sua liderança. Por sua vez, nesta eleição, Bloco de Esquerda e CDU lutaram pela sobrevivência política na Europa. Foi mesmo no ‘photo finish’ que conseguiram eleger Catarina Martins e João Oliveira para o Parlamento Europeu. A inteligência aconselha Mariana Mortágua e Paulo Raimundo a fugirem a sete-pés de eleições Legislativas antecipadas nos tempos mais próximos.
O resultado do Livre deixou descansado Rui Tavares que assim se livrou de Francisco Paupério. A sua eleição proporcionar-lhe-ia um palco político que o poderia posicionar para outras lutas internas no partido no curto/médio prazo. Por ora, as ambições políticas de Paupério terão de ficar para outras núpcias.
Não ganhando, o vencedor da noite eleitoral foi Luís Montenegro, que ganha tempo e espaço político para afirmar a sua liderança como Primeiro-Ministro e do seu Governo. Agora será o tempo de implementar as políticas e mostrar resultados, mas também de evitar a todo o custo ‘casos e casinhos’ no Governo porque, apesar de ganhar um novo fôlego, ainda tem muito para provar de modo a ser credor da confiança da maioria dos portugueses.
Paulo Vieira da Silva
Gestor de Empresas / Licenciado em Ciências Sociais – área de Sociologia
(Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)
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