Portugal tem enfrentado desafios significativos em relação à literacia financeira nos últimos anos, mas há sinais encorajadores de progresso. De acordo com o mais recente estudo da Comissão Europeia sobre literacia financeira, os portugueses subiram um lugar no ranking, ocupando agora o penúltimo lugar na União Europeia. Embora isso represente uma melhoria em relação a 2020, altura em que ficamos classificamos na última posição, ainda há muito a ser feito para elevar os níveis de conhecimento financeiro no país.

A literacia financeira desempenha um papel crucial na capacidade das pessoas de tomarem decisões financeiras informadas e responsáveis. A falta de conhecimento financeiro pode levar a uma série de problemas, desde dificuldades em gerir o orçamento pessoal até à incapacidade de planear a longo prazo e de evitar riscos financeiros desnecessários.

Embora Portugal ainda tenha um longo caminho a percorrer em termos de literacia financeira, é encorajador ver que houve algum progresso desde o último estudo. Este avanço demonstra que as iniciativas de educação financeira implementadas nos últimos anos estão a começar a dar frutos.
Para continuar a subir no ranking e melhorar os níveis de literacia financeira em Portugal, é importante adotar uma abordagem abrangente que aborde diversos aspectos do conhecimento financeiro. Existem alguns pontos que me parecem essenciais para que possamos continuar a melhorar a literacia financeira dos portugueses.

Em primeiro lugar a aposta na Educação Financeira desde Cedo. Apesar de já existir um programa nacional de formação financeia, o seu alcance é insuficiente. Além disso, não devemos estar apenas dependente dele e uma grande parte do sucesso depende dos hábitos dos pais e da introdução destes temas nas dinâmicas familiares, ajudando a criar uma base sólida de conhecimentos financeiros entre os jovens.

“Incentivar a poupança e o investimento responsável através de incentivos fiscais e programas de apoio pode ajudar a criar hábitos financeiros saudáveis”

Com a propagação das redes sociais e da Internet, de uma forma geral, nunca foi tão simples disponibilizar materiais educativos sobre literacia financeira em formato acessível e de fácil compreensão, e que possam ajudar a aumentar o conhecimento financeiro da população em geral. Cada vez surgem mais pessoas e empresas a utilizarem estas plataformas para chegar a mais pessoas.

Promover campanhas de sensibilização sobre literacia financeira através dos meios de comunicação social e outros canais pode ajudar a aumentar a consciencialização sobre a importância do conhecimento financeiro. É importante que estes tópicos cheguem a cada vez mais pessoas, em diferentes formatos e com diferentes objetivos, dado que as finanças pessoais são, acima de tudo, pessoais, pelo que cada um se irá identificar com diferentes ideias e conceitos.

Por último, incentivar a poupança e o investimento responsável através de incentivos fiscais e programas de apoio pode ajudar a criar hábitos financeiros saudáveis. A fiscalidade, em particular, tem um papel fundamental já que, hoje em dia, com exclusão de Planos Poupança Reforma e Seguros de Capitalização, a esmagadora maioria dos produtos de poupança e investimento são taxados a 28%, desmotivando assim as pessoas a colocarem o seu dinheiro a render. Uma política fiscal mais competitiva e que motive à poupança e investimento a longo prazo será fundamental para motivar cada vez mais pessoas a rentabilizar o seu dinheiro.

Embora Portugal ainda enfrente desafios significativos em relação à literacia financeira, há motivos para otimismo à medida que o país continua a subir no ranking da União Europeia. Com um compromisso contínuo com a educação financeira e a implementação de medidas práticas, podemos continuar a fazer progressos significativos na melhoria dos níveis de conhecimento financeiro em Portugal.

Juntos, podemos construir um futuro financeiro mais sólido e próspero para todos os portugueses.

Sérgio Rodrigues
Especialista em finanças pessoais

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